“Se a economia de Hong Kong crescer, no terceiro trimestre, a um ritmo semelhante ao do segundo trimestre, a cidade entrará em recessão técnica”, disse o secretário das Finanças de Hong Kong, Paul Chan Mo-po, em conferência de imprensa.
Chan Mo-po não se referiu diretamente aos protestos que têm acontecido em Honk Kong nas últimas semanas como causa desta revisão em baixa.
A recessão técnica significaria que o PIB local teria baixado em dois trimestres consecutivos: os dados conhecidos até agora mostram que, durante os primeiros três meses, a economia de Hong Kong cresceu 1,3%, enquanto no período de abril a junho contraiu 0,3%.
O secretário das Finanças também anunciou hoje um pacote de medidas que não são oficialmente destinadas a resolver a crise política enfrentada pela administração de Hong Kong, mas visam “tomar precauções” face ao “mau momento económico que está a chegar”.
As medidas incluem especificamente um “mini-orçamento” avaliado em 19.100 milhões de dólares de Hong Kong (2.185 milhões de euros).
O pacote de medidas inclui um aumento das garantias de empréstimos a pequenas e médias empresas, a redução dos custos de licenças de negócios de alojamento local, isenções de impostos para arrendamentos e custos de eletricidade, de acordo com o jornal local South China Morning Post.
Segundo avançou hoje a consultoria britânica Capital Economics, o impacto económico dos protestos poderá causar uma queda de 1% no terceiro trimestre, acabando o ano com um crescimento anual de 0,5%.
Segundo a consultora, o setor mais afetado será o turismo, que contribui com cerca de 4% para o PIB total.
Se os protestos continuarem, ou no caso extremo de intervenção do Exército chinês, a economia de Hong Kong poderá enfrentar uma “profunda contração” que ameaçará a força do dólar de Hong Kong e poderá causar um efeito em cadeia em vários indicadores macroeconómicos, referiu a consultora.
As manifestações e a ocupação do aeroporto também afetam o mercado imobiliário porque “os promotores estão a adiar o lançamento de novos projetos”.
Os protestos em Hong Kong começaram em março contra a iniciativa das autoridades locais de promulgar uma lei de extradição que, segundo os seus críticos, poderia levar dissidentes políticos a serem julgados sem garantias na China.
Sob a fórmula “Um país, dois sistemas”, Pequim comprometeu-se a manter a autonomia de Hong Kong e respeitar uma série de liberdades – inimagináveis na China continental – até 2047, depois de reconquistar a soberania do território das mãos britânicas, em 1997.
As manifestações têm mobilizado centenas de milhares de pessoas desde junho, apesar da repressão policial.
As tensões registadas – das piores vividas pela ex-colónia britânica desde o regresso à soberania chinesa, em 1997 – levaram vários países a desaconselhar as viagens a Hong Kong, aumentando os temores de que a China intervenha diretamente com o exército ou a polícia armada.
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