“Os mandantes estão a ser investigados, é claro que é mais complicado, mais difícil, estabelecer vínculos financeiros, saber quem pagou os autocarros [que levaram as pessoas até Brasília], mas há uma investigação que é objeto de inquérito da polícia federal, e apesar de haver muito ainda para se investigar, chegarão aos mandantes a curto prazo”, disse Ricardo Lewandowski em entrevista à Lusa em Lisboa.
Em causa está o ataque feito a várias instituições públicas em Brasília no início de 2023, na sequência da vitória de Lula da Silva nas eleições presidenciais, que não foi reconhecida, num primeiro momento, pelo candidato derrotado, Jair Bolsonaro, e pelos seus apoiantes, que rumaram a Brasília, provocando distúrbios e atacando a sede do poder legislativo, executivo e judicial.
“Era uma multidão, parecia uma praça de guerra, a sede dos três poderes foi destruída, não foi arraia miúda, foi um povo consciente que veio de longe, bem vestido, com roupas e ténis de marca, para provocar uma destruição sistemática de obras de arte”, contextualizou o ministro, quando questionado se não há o perigo de se criar a ideia de que os organizadores dos distúrbios vão sair impunes.
Sobre as penas decretadas para algumas das pessoas que já foram condenadas, e que vão até 17 anos, o ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil disse que podem parecer excessivas, mas são cumulativas por vários delitos e servem também como dissuasor para eventuais futuros protestos.
“As penas do Supremo Tribunal Federal levam em consideração o ataque à democracia e a destruição de bens públicos e património público, são cumulativas, por isso são relativamente altas, os juízes quiseram estabelecer penas elevadas como um paradigma, um exemplo dissuasor para que essas coisas não voltem a acontecer no Brasil”, concluiu Ricardo Lewandowski.
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