“Não há interdição de circular no seio da Europa, neste momento, mesmo para Espanha e para Portugal”, clarificou Clément Beaune, em entrevistas a estações de Rádio e de TV francesas.

Poucas horas antes deste esclarecimento, o secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus tinha desaconselhado as viagens a Portugal e a Espanha, admitindo o reforço de medidas de combate à pandemia de covid-19, em particular por causa do risco de propagação na variante Delta do novo coronavírus.

Alegando que a situação nos países ibéricos é “particularmente preocupante”, Clément Beaune tinha-se dirigido aos que “ainda não reservaram as suas férias” para evitarem os destinos de Portugal e de Espanha, em particular a região da Catalunha.

Nos esclarecimentos posteriormente acrescentados, o secretário de Estado francês disse que essa tinha sido apenas “uma mensagem de prudência e de responsabilidade”, justificando-se com o facto de “as autoridades sanitárias espanholas e portuguesas terem indicado, elas mesmas, que nos seus países a situação é neste momento preocupante”.

“Quero ser claro: não existe proibição de circulação dentro da Europa, hoje, no que diz respeito a estes países. Por outro lado, existe em toda a União Europeia um cartão de saúde que verifica ou a sua vacinação ou um teste negativo para qualquer viagem à Europa”, insistiu Clément Beaune.

Hoje à tarde, no final da reunião do Conselho de Ministros, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, referiu-se à decisão do Governo francês, alinhando com este argumento de Beaune e dizendo que Portugal continuará a insistir no recurso ao Certificado Covid como instrumento de regulação de viagens na União Europeia.

Logo de manhã, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, mostrara-se compreensivo com a posição do Governo francês de desaconselhar viagens não essenciais a Portugal.

“A situação de Portugal no que diz respeito à pandemia agravou-se e as preocupações de um Estado amigo, como a França, em relação aos seus cidadãos, no que diz respeito à possibilidade de viajarem para Portugal, são compreensíveis. Trata-se de um conselho”, afirmou Augusto Santos Silva, em declarações à Lusa, sublinhando que esta posição deve ser enquadrada com as decisões da União Europeia (UE) relativas ao certificado digital.

A comunidade portuguesa em França ficou sobressaltada pelo anúncio desta medida, pedindo ao Governo português que dialogue com o executivo francês, de forma a amenizar a repercussão desta situação nas viagens deste verão.

“Os portugueses estão conscientes de que podem ter de alterar os planos de férias para ir a Portugal. Mas há um papel junto do ministério, a nível da diplomacia para trabalhar estas questões e evitar que isto possa acontecer”, disse Rui Barata, conselheiro das Comunidades Portuguesas na região de Estrasburgo, em declarações à Lusa.