“É um centro que vai ser internacional que tem agora constituído e já preparado o processo para a sua instalação”, adiantou na segunda-feira aos jornalistas o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, onde participou numa conferência em que apresentou o projeto.
Antes, o governante visitou o edifício de uma antiga unidade de saúde da base das Lajes, utilizada pela Força Aérea norte-americana, que atualmente não tem uso e que poderá vir a acolher o centro.
“Trata-se de um edifício muito bem conservado”, salientou Azeredo Lopes, ressalvando, contudo, que será necessário um investimento avultado em sistemas de informação e comunicação, porque, além de juntar Força Aérea, Marinha e Exército, o centro terá uma “aposta muito significativa” na cibersegurança.
O projeto foi apreciado “em primeira leitura” no último Conselho de Ministros e dentro de um mês deverá ser criado um grupo de trabalho, que terá seis meses para apresentar um modelo de implementação, enquanto paralelamente é feita uma avaliação das necessidades de investimento para a instalação do projeto no edifício escolhido.
“Espero que a institucionalização possa ocorrer algures perto do fim da legislatura”, referiu o ministro na conferência, promovida pelo Instituto Histórico da Ilha Terceira.
Segundo Azeredo Lopes, a ideia conta para já com o interesse dos Estados Unidos da América e do Reino Unido, mas o objetivo é atrair outros países.
“Vai ser uma estrutura que é promovida por Portugal, que só vai poder existir tal como foi concebida se for claramente internacional e será claramente internacional se atrairmos os principais estados que têm capacidade para falar sobre a segurança do Atlântico”, frisou.
O ministro da Defesa Nacional reconheceu que os Estados Unidos, que nos últimos anos reduziram a sua presença militar na base das Lajes, são um “ator importante para credibilizar este tipo de instituição”, mas afastou a ideia de se criar uma nova dependência de um único parceiro.
“O Centro de Defesa do Atlântico será tanto mais robusto quanto mais diversificar os ‘stakeholders’. Não pode ser mais um centro luso-americano. Tem de se abrir a outros participantes, para poder aspirar a ser centro de excelência NATO”, defendeu.
Segundo Azeredo Lopes, além da projeção da Defesa Nacional que o projeto poderá dar, esta é, também, “a primeira ideia com pés e cabeça que é apresentada como alternativa a um uso puramente militar tradicional da base das Lajes”.
“Este Centro de Defesa do Atlântico vai confirmar que o Estado português considera como peça pivô da sua política de Defesa Nacional os Açores”, salientou.
O ministro realçou, por outro lado, “o facto de a NATO ter vindo recentemente a olhar para o Atlântico”, que estava “remetido para um plano menos importante”.
“Questões securitárias do norte do Atlântico, questões ligadas à segurança marítima, especialmente no Golfo da Guiné, convocam de novo os estados para olharem para este oceano e, necessariamente, para os Açores, pela crucial posição geopolítica e de centralidade atlântica que os Açores têm”, observou.
Por sua vez, o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, que se reuniu com o ministro da Defesa antes da conferência, considerou que a decisão de instalar o Centro para a Defesa do Atlântico na base das Lajes “valoriza a ilha Terceira e os Açores”.
“Este assunto é verdadeiramente importante naquela que é uma abordagem nova ao papel que as Lajes, a ilha Terceira e os Açores podem assumir, não apenas do ponto de vista instrumental, com a instalação na ilha Terceira do Centro de Defesa do Atlântico, mas também do ponto de vista do posicionamento estratégico dos Açores”, apontou.
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