“Esta não é uma emergência nova: a grave sobrelotação nos ‘hotspots’ (centros de registo) é uma crise impulsionada por políticas que prejudicam milhares de homens, mulheres e crianças todos os dias durante anos. Assistimos a isso no passado e continuamos a ver hoje”, explicou Tommaso Santo, coordenador-geral da MSF na Grécia.
A organização MSF também questionou se é legitimo concluir “que as autoridades gregas e europeias esperam confiar nessa falha vergonhosa do sistema de receção como uma forma de impedir que novos migrantes cheguem à UE [União Europeia]”.
A MSF destacou a sobrelotação, a violência e a falta de segurança nos acampamentos salientando que são as crianças que mais sofrem, cuja saúde mental agrava-se.
“Há cada vez mais crianças que deixam de brincar, têm pesadelos, temem sair das suas tendas e começam a afastar-se da vida quotidiana. Algumas deixam completamente de falar”, alertou Katrin Brubakk, responsável pelas atividades de saúde mental da MSF na ilha grega de Lesbos.
Segundo os Médicos Sem Fronteiras, em julho e agosto três crianças tentaram suicidar-se outras 17 automutilaram-se.
Das 73 crianças encaminhadas nesse período para as clínicas da MSF com problemas de saúde mental, dez tinham menos de 6 anos.
Esta organização humanitária também realçou que na sua clínica pediátrica existem quase 100 crianças com condições médicas complexas ou crónicas, incluindo crianças com complicações cardíacas graves, diabetes e epilepsia, além de ferimentos causados pela guerra.
A MSF exigiu que o Governo grego e a UE retirassem urgentemente as crianças e as pessoas mais vulneráveis das ilhas e transferi-los “para um alojamento seguro e apropriado na Grécia continental e/ou noutros Estados europeus”.
Os Médicos Sem Fronteiras pediram ainda que se coloque fim à atual política de contenção para proteger a dignidade das pessoas, evitar sofrimento desnecessário e garantir o respeito dos seus direitos fundamentais.
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