Em declarações à agência Lusa, o presidente daquela estrutura, Carlos Cortes, disse que, “no mesmo período, o ano passado se operaram 1.200 doentes e este ano só 376”.
O dirigente contabilizou uma produção “de menos 823 cirurgias programadas, sendo 250 convencionais e 573 de ambulatório”.
“Nunca vi nestes últimos anos uma irresponsabilidade, uma apatia e passividade tão grande do Ministério da Saúde perante este problema. E o problema é para os doentes, que não estão a ser operados”, frisou.
Segundo Carlos Cortes, há doentes com problemas oncológicos e que necessitam de cirurgias urgentes. Deu também como exemplo o serviço de ortopedia, em que os doentes “correm risco de fraturas se não forem rapidamente operados”.
“Há doentes com neoplasias que não estão a ser operados, há atrasos que, porventura, poderiam ser cirurgias não consideradas urgentes, mas que passado algum tempo se tornam urgentes”, salientou.
O presidente da SRCOMC chama a atenção para o facto do número de cirurgias urgentes estar a “aumentar cada vez mais, porque uma situação num dia pode ser considerada não urgente, mas se não é imediatamente operada começa cada dia a ficar pior”.
Salientando que há consequências que “podem ser marcantes para os doentes o resto da sua vida”, Carlos Cortes considera incompreensível a atuação da tutela perante uma greve que tem cerca de duas semanas e meia.
“Estamos perante uma greve com reivindicações e compete ao Ministério da Saúde resolver muito rapidamente toda esta situação. Trata-se de uma situação que considero catastrófica, inédita. No país, nunca conhecemos uma situação desta gravidade”.
São quase mil cirurgias por fazer em Coimbra e, provavelmente, “na próxima década o SNS não terá capacidade para as resolver”.
“Estamos a falar de cirurgias que não se marcam de uma semana para a outra e a capacidade do SNS absorver estas cirurgias vai marcar a sua atuação para a próxima década”, disse Carlos Cortes.
O presidente da SRCOM considera que “há um silêncio do Ministério da Saúde completamente incompreensível para resolver esta situação e, quem está a sofrer, infelizmente, estas consequências, são os doentes, que vão sofrer sequelas daquilo que está agora a ser adiado”.
Carlos Cortes considera ainda inaceitável que, nesta altura, os hospitais e o Ministério da Saúde não tenham ainda revelado os dados das cirurgias em atraso.
“A Ordem dos Médicos não percebe, por exemplo, porque é que o CHUC não diz publicamente quais estão a ser as consequências desta inanição do Ministério da Saúde, que é importante para a transparência deste processo”, enfatizou.
Os enfermeiros de cinco blocos operatórios de hospitais públicos iniciaram no dia 22 de novembro uma greve de mais de um mês às cirurgias programadas.
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