“Que retiremos da circunstância histórica e a celebração dos cem anos [da “gripe espanhola”] a ideia de que hoje a sociedade evoluiu, a ciência evoluiu e temos ao nosso dispor a capacidade de nos defendermos muito mais e não podemos rejeitar o que a ciência e o conhecimento nos trouxeram”, disse Adalberto Campos Fernandes.
Em declarações à Lusa, o ministro recordou a pandemia como “um desafio histórico que fez um país confrontar-se com uma vaga de mortalidade avassaladora”.
“As sociedades e os estados têm de estar organizados para uma perspetiva, não só de prevenção, mas também de intervenção em saúde pública, com grande determinação e, muitas vezes, até com grande coragem”, disse.
“O que vimos nesse tempo foi a execução de um conjunto de medidas de saúde pública, que poderiam ser consideradas tradicionais, mas que hoje em dia têm o mesmo nível de aplicação de há 100 anos e que faz com que os cidadãos se consciencializem de que, com a globalização, a circulação de pessoas, os riscos, não só se mantém como, às vezes, se agravam”, referiu.
Adalberto Campos Fernandes recordou “o caso mais recente dos surtos de sarampo, localizados em vários países da Europa, uma doença que se julgava praticamente controlada, e em alguns pontos erradicada, e que ilustra bem que as doenças transmissíveis persistem como uma grande ameaça às sociedades e a saúde pública persiste como um dos instrumentos de intervenção pública”.
“Os países devem, passados 100 anos, revisitar o fenómeno que vivemos, que foi um fenómeno terrível, e retirar daí as ilações que, naturalmente, temos que reconhecer, nos permitem estar muito mais defendidos, muito mais bem organizados, em termos nacionais e internacionais”, concluiu.
A “gripe espanhola” causou 50 milhões de mortos em todo o mundo. Em Portugal, a pneumónica, nome pelo qual a pandemia também é conhecida, por provocar pneumonias na fase final da doença, matou entre a 50 mil a 70 mil mortos, mais do que a I Guerra Mundial.
Comentários