"Eu creio que, cada vez mais, os problemas são globais e as respostas são globais. E, por isso, uma organização universal como é a CPLP terá seguramente enormes possibilidades de se afirmar com mais intensidade no futuro", disse o secretário-geral eleito das Nações Unidas, António Guterres, em declarações aos jornalistas durante uma receção à comunidade portuguesa, com a presença do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, na residência do embaixador de Portugal em Brasília, este domingo à noite.

Guterres, que iniciará funções na ONU a 1 de janeiro de 2017, disse esperar que "os governos de todos os países assim o entendam e que esse esforço de dar à CPLP uma posição cada vez mais influente possa ser coroado de êxito".

O antigo primeiro-ministro português participa na XI Conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que começa hoje em Brasília, a convite do Presidente brasileiro, Michel Temer.

Para António Guterres, a CPLP pode ser "uma entidade que ajude a criar aqueles consensos indispensáveis para que os grandes problemas mundiais possam ser resolvidos e sobretudo para que as crises mais difíceis possam ser ultrapassadas".

O ex-alto comissário da ONU para os Refugiados destacou "o papel muito importante que a CPLP tem hoje a nível internacional", apontando que os nove Estados-membros da organização estão distribuídos pela América Latina, África, Ásia-Pacífico e Europa.

"Hoje vivemos num mundo com multiplicação de novos conflitos, em que os antigos conflitos teimam em não terminar, em que existem enormes contradições, enormes desconfianças", comentou.

António Guterres destacou depois que a CPLP pode ser "uma ponte para o entendimento", recordando que os Estados-membros integram as respetivas organizações regionais, "que, nas Nações Unidas, às vezes estão em desacordo em relação às mais diversas questões".

O antigo primeiro-ministro recordou ser cofundador da CPLP e disse ver com "alegria" que, 20 anos depois da sua criação, o bloco lusófono, em relação ao qual "muitos, no princípio, emitiam várias dúvidas", está hoje "mais forte que nunca e cheia de vontade de se afirmar ainda mais no futuro".

Questionado sobre a questão dos direitos humanos na Guiné Equatorial, que aderiu à CPLP há dois anos, mediante uma moratória sobre a pena de morte, o futuro líder da ONU respondeu que "os problemas de direitos humanos preocupam-nos em toda a parte".

"Um dos papéis que pode ter a CPLP é exatamente o de procurar junto de todos os seus membros fazer com que os direitos humanos sejam assumidos e respeitados", considerou.

O responsável destacou também o alinhamento da agenda da CPLP com a da ONU, recordando que a presidência brasileira elegeu os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável como tema da cimeira, que decorre hoje e terça-feira.

Instado a comentar a importância da realização da cimeira da organização lusófona no Brasil, dois meses depois da destituição da antiga Presidente brasileira, Dilma Rousseff, Guterres afirmou que não são as conjunturas políticas que contam, mas sim a "presença permanente que estes países têm no quadro internacional".

Guterres, que na segunda-feira de manhã se reunirá com Michel Temer, adiantou que transmitirá ao Presidente do Brasil "a grande vontade de contar, como secretário-geral das Nações Unidas, com um empenhamento muito forte do Brasil como pilar do multilateralismo."

"O Brasil sempre teve uma política externa arreigada aos valores do multilateralismo. O mundo de hoje precisa de reforçar as instituições multilaterais, acho que o Brasil tem aí um papel muito importante a desempenhar", sustentou.

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