“A semana passada alertei os Estados-membros sobre os problemas financeiros graves que a nossa organização enfrenta”, disse Guterres, durante a cerimónia na qual a Palestina assumiu a presidência na ONU para 2019 do Grupo dos 77 (coligação de países em desenvolvimento) e da China.

“Se nada for feito, eles podem pôr em risco o funcionamento das nossas operações”, advertiu o secretário-geral da ONU.

Guterres adiantou que, para o evitar, fará “nos próximos meses propostas à Assembleia-Geral para dar à ONU uma sólida base financeira”, pedindo o apoio do G77 (134 dos 193 membros da organização).

Na sexta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas enviou uma carta a todos os Estados-membros e dedicou o seu almoço mensal com os embaixadores dos 15 membros do Conselho de Segurança à questão do orçamento das operações de paz da ONU.

O orçamento anual de 6,6 mil milhões de dólares (5,7 mil milhões de euros) tem sido posto em causa devido a atrasos no pagamento das contribuições dos Estados-membros, bem como à decisão dos Estados Unidos, após a entrada em funções de Donald Trump em 2017, de não pagar 28% do seu total como tinha sido acordado, mas apenas 25%, ou seja, menos 220 milhões de dólares (193 milhões de euros).

“A situação atual não é sustentável”, segundo António Guterres, que considera que “uma redução das despesas” ligadas às operações de paz “não pode compensar o défice”, indicou à agência France-Presse um diplomata que não quis ser identificado.

“Os expedientes existentes já não são suficientes, por isso é necessário rever as regras, encontrar mais flexibilidade e dar provas de criatividade”, considera o secretário-geral da ONU.