O risco de pobreza ou exclusão social das crianças e adolescentes é maior no sul da Europa, atingindo um em cada três, afirma o relatório da Fundação Bertelsmann.
A estes juntam-se 4,6 milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos (20,4%) que se encontravam sem emprego, um número superior nos países em crise.
O número de jovens sem emprego na Grécia chegou aos 49,8%, em Espanha aos 48,3% e em Itália aos 40,3%, o que coloca estes países nos lugares 28, 27 e 25, respetivamente, no índice de desemprego da UE.
Em particular, “as crianças e jovens beneficiam muito pouco da recuperação económica”, concluem os autores do índice de justiça social com que a Fundação Bertelsmann mede, desde 2008, as oportunidades nos 28 Estados membros.
Cerca de 17,3% dos jovens da UE entre os 20 e os 24 anos não estudavam nem trabalhavam, percentagem que em Itália, Grécia e Espanha chegou aos 31,1%, 26,1% e 22,2%, respetivamente.
“Estes jovens vivem totalmente fora do sistema laboral e educativo e, em consequência, têm poucas oportunidades de ascensão social”, alerta o relatório.
O índice destaca também o fosso geracional: à escala europeia, a percentagem de menores afetados pela pobreza ou exclusão social, apesar de ligeiramente menor do que em 2014, foi no ano passado de 26,9%, maior do que a das pessoas com mais de 65 anos, que desceu para 17,4% em 2015, contra 24,4% em 2007.
“A crescente falta de perspetivas de muitos jovens dá espaço aos movimentos populistas em crescimento. Não podemos correr o risco de a juventude ficar dececionada e frustrada com a sociedade”, alertou o presidente da fundação, Aart De Geus.
Apesar de a Europa estar lentamente a recuperar da crise económica, o risco de pobreza em geral não registou uma diminuição significativa, destaca o estudo.
Um em cada quatro cidadãos da UE — 118 milhões de pessoas ou 23,7% – continuava em risco de pobreza ou exclusão social em 2015.
O estudo destaca que continua a aumentar o número de pessoas em risco de pobreza apesar de terem um trabalho remunerado a tempo inteiro — 7,8% em 2015 –, o que se explica por “um crescente setor de salários baixos e uma divisão dos mercados laborais em formas regulares e atípicas de emprego”.
Este aumento de “trabalhadores pobres” é preocupante, destaca o estudo, porque “um trabalho a tempo inteiro não só deve assegurar o salário, como também o sustento”, afirmou De Geus.
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