Segundo noticia esta quarta-feira o Diário de Notícias, há centenas de militares que optaram por não se vacinar contra a covid-19. Na Marinha são cerca de 800 (10% do efetivo) e no Exército 756 militares (6%). Já a Força Aérea não divulgou dados da vacinação neste Ramo ao jornal.

As percentagens superam em larga escala a recusa de vacinação na sociedade civil, na ordem dos dois por cento, o que faz soar o alarme sobre a presença de negacionistas nas Forças Armadas.

Recorde-se que ainda na última semana, a Marinha revelou um surto de covid-19 na fragata Corte Real, integrada na Força Naval Permanente n.º 1 da NATO, atracada em Karlskrona, na Suécia, onde há a relatar, segundo os últimos dados, 35 infetados num contingente de 182 pessoas.

O gabinete do Chefe de Estado-Maior da Armada, almirante Mendes Calado, não revelou ao DN o número de não vacinados, assumindo que "presentemente a Marinha tem 90 % dos seus militares, militarizados e civis vacinados, embora este valor oscile em função das admissões e saídas que se verificam continuamente". O que não fica devidamente explicado por este Ramo é se um militar não vacinado pode embarcar numa missão, que no caso da Marinha implica estar em espaços fechados dos navios com elevado potencial de propagação de uma infeção

"No contexto da gestão de pessoal, a movimentação e colocação de militares tem que obedecer aos requisitos operacionais e aos riscos associados a cada missão, sendo os órgãos de gestão de pessoal, que incluem os serviços de saúde, competentes para garantir o cumprimento dos referidos requisitos, podendo a situação da vacinação ser um deles", explicou.

Já o Exército afirmou números mais concretos, assumindo ter 756 militares que não estão vacinados, salientando que "existem restrições na participação em Forças Nacionais Destacadas", uma vez que de acordo com "as recomendações do Centro de Epidemiologia e Intervenção Preventiva do Hospital das Forças Armadas, vertidas nas Ordens do Exército, só podem ser destacados para missões fora do território nacional, militares que estejam vacinados, sendo a recusa em ser vacinado critério de exclusão da missão".

As associações militares dividem-se, no que diz respeito a esta notícia. Se Lima Coelho, da Associação Nacional de Sargentos, diz que a existência de "militares que recusam vacinar-se" lhe causa "muita surpresa", uma vez que "não faz nenhum sentido que os militares não se protejam e aos camaradas", Paulo Amaral, presidente da Associação de Praças, reitera que "não deve haver restrições" para os militares que se recusam a ser vacinados contra a covid-19.

"A vacinação não é obrigatória e a informação que temos é que quando são empenhados têm de ser vacinados. Haverá sempre, tal como em todas as franjas da sociedade, quem não queira", afirma.