Os dois novos casos suspeitos são "uma doente regressada da China", que foi encaminhada para o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, e um doente "regressado também da China" que se encontra já no Centro Hospitalar de São João, no Porto.
Ambas as unidades são hospitais de referência para estas situações. De acordo com as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS), os casos suspeitos, que são validados por três médicos, são encaminhados pelo INEM para três hospitais de referência: Hospital Curry Cabral e Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, e Hospital S. João, no Porto.
Os doentes ficam internados e serão realizadas colheitas de amostras biológicas para análise pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), indica a DGS, que remete novas explicações para um futuro comunicado.
Este é o quinto e o sexto caso suspeito em Portugal. Os outro quatro casos suspeitos que foram validados até à data em Portugal deram resultados negativos.
Além destes casos suspeitos, estão 20 pessoas em isolamento profilático há uma semana no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, devido ao novo coronavírus (2019-nCov), depois de terem sido repatriadas da China.
Na sexta-feira, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que as pessoas que se mantinham no Pulido Valente estavam todas bem de saúde e sem sintomas de infeção.
Deste grupo fazem parte 18 portugueses e duas brasileiras, que chegaram no passado dia 02 de fevereiro ao aeroporto militar de Figo Maduro, em Lisboa. Todos estiveram na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei, epicentro do surto.
As autoridades chinesas elevaram hoje para 908 mortos e mais de 40 mil infetados o balanço do surto de pneumonia na China continental causado pelo novo coronovírus, depois de, no domingo, terem sido registadas no território continental chinês mais 97 mortes e detetados 3.000 novos casos de infeção, segundo dados da Comissão Nacional de Saúde da China.
O número total de mortes ascende a 910, contabilizando as duas registadas fora da China continental, uma nas Filipinas e outra em Hong Kong.
O balanço ultrapassa o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 350 casos de contágio confirmados em 25 países. Na Europa, o número chegou no domingo a 39, com duas novas infeções detetadas em Espanha no Reino Unido.
Uma missão internacional de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) partiu no domingo para a China. A OMS, que declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública internacional, indicou no sábado que os casos de contágio revelados diariamente na China estão a estabilizar, mas sublinhou que era cedo para concluir que a epidemia atingiu o seu pico.
A Comissão Europeia apelou hoje a um reforço da “coordenação e cooperação” da comunidade internacional para fazer face ao novo coronavírus, considerando “crucial” a união de esforços para travar a sua propagação.
“Numa altura em que o surto do coronavírus afeta cada vez mais países, a coordenação e a cooperação devem ser a nossa principal preocupação. Este é o momento de unir esforços para travar esta epidemia. É crucial que toda a comunidade internacional se foque nos preparativos e esforços de resposta para lutar contra o coronavírus, tendo sempre em mente a solidariedade internacional”, declarou hoje Janez Lenarcic.
O comissário responsável pela Gestão de Crises falava no Centro de Coordenação de Resposta de Emergência da União Europeia, em Bruxelas, que está em permanente contacto com os Estados-membros para facilitar a entrega de equipamento pessoal de proteção à China, além das 12 toneladas já mobilizadas como resposta imediata.
Estas são as principais recomendações das autoridades de saúde à população
O surto do novo coronavírus detetado na China tem levado as autoridades de saúde a fazer recomendações genéricas à população para reduzir o risco de exposição e de transmissão da doença. Eis algumas das principais recomendações à população pela Organização Mundial da Saúde e pela Direção-geral da Saúde portuguesa:
- Lavagem frequente das mãos com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
- Ao tossir ou espirrar, fazê-lo não para as mãos, mas para o cotovelo ou para um lenço descartável que deve ser deitado fora de imediato;
- Evitar contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
- Evitar contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
- Deve ser evitado o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos;
- Em Portugal, caso apresente sintomas de doença respiratória e tenha viajado de uma área afetada pelo novo coronavírus, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
Combater a desinformação
A Organização Mundial da Saúde tem tentado também divulgar factos para combater a desinformação e mitos ligados ao novo coronavírus. Eis algumas dessas informações:
- É seguro receber cartas ou encomendas vindas da China, porque as análises feitas demonstram que o coronavírus não sobrevive muito tempo em objetos como envelopes ou pacotes;
- Não há qualquer indicação de que animais de estimação, como cães e gatos, possam ser infetados ou portadores do novo coronavírus. Mas deve lavar-se sempre as mãos após contacto direto com animais domésticos, porque protege contra outro tipo de doenças ou bactérias;
- Não há também prova científica de que o consumo de alho ajude a proteger contra o novo coronavírus;
- Usar e colocar óleo de sésamo não mata o novo coronavírus;
- As atuais vacinas disponíveis no mercado contra a pneumonia não previnem contra o coronavírus 2019-nCoV. Este novo vírus precisa de uma nova vacina que ainda não foi desenvolvida;
- Os antibióticos não servem para proteger ou tratar as infeções provocadas pelo coronavírus. Os antibióticos são usados para infeções bacterianas e não virais. Contudo, os doentes hospitalizados infetados com coronavírus poderão ter de receber antibióticos porque pode estar presente também uma infeção bacteriana;
- Pessoas de todas as idades podem ser afetadas pelo coronavírus. Contudo, pessoas mais velhas ou com doenças crónicas (como asma ou diabetes) parecem ser mais vulneráveis a ter doença grave quando infetadas.
Onde chegou o coronavírus?
Esta é a lista dos países e territórios que notificaram casos de contágio, num balanço feito pela AFP.
ÁSIA-PACÍFICO
Austrália: 15 casos
Camboja: 1 caso
Coreia do Sul: 27 casos
Cruzeiro "Diamond Princess": 64 (1 argentino)
Cruzeiro "Westerdam": 1 caso
Filipinas: 3 casos, entre eles um morto em Manila
Hong Kong: 36, entre eles um morto
Índia: 3 casos
Japão: 96 casos, 70 deles à bordo do cruzeiro "Diamond Princess" (um deles, argentino) em quarentena no litoral de Yokohama. Outro caso foi confirmado à bordo do cruzeiro "Westerdam", que se dirigia ao Japão
Macau: 10 casos
Malásia: 17 casos
Nepal: 1 caso
Singapura: 43 casos
Sri Lanka: 1 caso
Tailândia: 32 casos
Taiwan: 18 casos
Vietname: 13 casos
AMÉRICA DO NORTE
Canadá: 7 casos
Estados Unidos: 12 casos. Um americano, de origem chinesa, faleceu por coronavírus em Wuhan.
EUROPA
Alemanha: 14 casos
Bélgica: 1 caso
Espanha: 2 casos
Finlândia: 1 caso
França: 11 casos
Itália: 3 casos
Suécia: 1 caso
Reino Unido: 4 casos
Rússia: 2 casos
ORIENTE MÉDIO
Emirados Árabes Unidos: 7 casos
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