“Esta é a única réplica no mundo à escala de Jerusalém. É a mais fiel, a que tem mais elementos bíblicos que nos reportam a Jerusalém”, defendeu o presidente da Fundação Mata do Bussaco, Guilherme Duarte.
Em declarações à agência Lusa, Guilherme Duarte evidenciou que as capelas dos 21 passos que compõem a Via Sacra do Bussaco, numa extensão de cerca de três quilómetros, foram intervencionadas em 2019, num investimento que rondou o milhão de euros e que incluiu ainda a requalificação do Convento de Santa Cruz.
“A parte escultórica ainda não está requalificada, mas é um dos nossos objetivos. Mais tarde ou mais cedo terá de ser restaurada”, acrescentou.
As pequenas capelas surgem de “cara lavada” e resguardam um conjunto de esculturas, algumas delas incompletas, ora porque o tempo as deteriorou, ora porque as intempéries ou os homens as atingiram.
Ao contrário dos habituais 15 passos que compõem a Paixão de Cristo das demais vias-sacras, a Mata do Bussaco oferece mais seis, que recriam a sua prisão.
Os passos da prisão vão desde o momento da oração no monte das oliveiras até ao momento da condenação por Pilatos no pretório, enquanto os passos da crucificação ou da paixão vão desde a colocação da cruz às costas até ao sepulcro.
A “viagem” a Jerusalém sem sair da Mata Nacional do Bussaco começa precisamente com o passo do Horto, onde Jesus Cristo terá “orado e suado sangue”, propondo ao peregrino seguir um caminho, todo ele em paralelos, numa extensão que totaliza três quilómetros.
Para além destas pequenas capelas, encontram-se também integrados na Via Sacra a varanda de Pilatos e o oratório da ermida de habitação do Calvário.
“Até o Convento de Santa Cruz é uma imitação do primeiro Templo Santo de Jerusalém, entre outros elementos cénicos que se encontram na Mata, como a Gruta de São Pedro e as Portas de Siloé. É aqui no Bussaco que encontramos o maior número de elementos bíblicos e que nos reportam a Jerusalém”, evidenciou o arqueólogo Rui Baptista.
De acordo com o arqueólogo, também em termos paisagísticos se regista uma grande proximidade com Jerusalém, sendo exemplo disso a predominância de adernos, uns pequenos arbustos da família das oliveiras.
A Via Sacra do Bussaco
Neste “palco” terá lugar, no dia 26, uma Via Sacra de cariz religioso, desenvolvida pela comunidade local e que inclui uma missa campal nos jardins do Palace Hotel.
Uns dias depois, em 01 de abril, será realizada uma Via Sacra encenada.
“A Atrapalharte vai associar-se a grupos locais de teatro e desenvolver esta iniciativa que irá decorrer ao longo do percurso da Via Sacra. É a primeira vez que desenvolvemos uma iniciativa destas, nestes moldes”, concluiu o presidente da Fundação Mata do Bussaco.
A Mata do Bussaco, localizada na freguesia do Luso, concelho da Mealhada (distrito de Aveiro), foi classificada como monumento nacional em dezembro de 2017 e é candidata a Património Mundial da UNESCO.
Em janeiro, a candidatura da Mata Nacional do Bussaco a Património Mundial da UNESCO foi atualizada, passando a “apostar mais na passagem dos carmelitas enquanto elemento diferenciador”.
Segundo a página oficial da Fundação, a Mata Nacional do Bussaco ocupa atualmente cerca 105 hectares e possui uma das melhores coleções dendrológicas da Europa, com cerca de 250 espécies de árvores e arbustos com exemplares notáveis.
“É uma das matas nacionais mais ricas em património natural, arquitetónico e cultural, podendo ser dividida em quatro unidades de paisagem: Arboreto, Jardins e Vale dos Fetos, Floresta Relíquia e Pinhal do Marquês”.
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