O ambiente em Roterdão não é pacífico. O ex-CEO da Amazon, Jeff Bezos, é proprietário de um iate e de luxo, avaliado em 430 milhões de euros, que está a ser construído em Alblasserdam, perto de Roterdão, como o SAPO24 já tinha noticiado.

A causa para o incómodo começou a fazer-se sentir logo após se saber da possibilidade do desmantelamento parcial de uma ponte histórica, a Koningshaven, também conhecida por “De Hef”, que atravessa um dos canais da cidade.

O problema é que a única forma de o iate fazer o percurso de Alblasserdam até mar aberto é pela via que está bloqueada por esta ponte, dada a envergadura deste enorme navio. Apesar do seu tabuleiro central poder ser elevado até quase 40 metros de altura, os mastros do iate de Bezos são demasiado altos.

É perante este cenário que perto de 16 mil pessoas estão "interessadas" e quase cinco mil disseram que vão participar num evento no Facebook intitulado "Atirar ovos ao super-iate de Jeff Bezos", que foi partilhado mais de mil vezes e que está marcado para 1 de junho.

"Chamamos todos os habitantes de Roterdão para levarem uma caixa de ovos podres e atirá-los em massa ao super-iate de Jeff [Bezos] quando ele navegar pelo Hef em Roterdão", escreveu o organizador do evento Pablo Strörmann, citado pelo serviço de rádio norte-americano NPR.

Pablo explicou ao jornal neerlandês NL Times que o protesto começou como uma piada entre amigos e que rapidamente ficou "fora de controlo".

A “De Hef” foi construída em 1927 como uma ponte ferroviária, com uma secção central que pode ser levantada para permitir que o tráfego de navios passe por baixo, de acordo com o jornal The Washington Post. A ponte foi substituída por um túnel e desativada em 1994, mas foi salva da demolição por protestos públicos e mais tarde declarada monumento nacional, escreve a NPR. O local sofreu uma grande restauração entre 2014 e 2017, de acordo com a emissora neerlandesa Rijnmond, que reportou pela primeira vez o acordo do iate.

Parte da polémica está no facto de ter sido anunciado pelo porta-voz do município de que o executivo estava predisposto a desmontar a ponte, apesar de ter prometido que nunca mais mexeria na estrutura depois dos últimos trabalhos de renovação. A justificar esta aparente decisão estaria a importância económica e os empregos gerados pela construção deste iate.

Todavia, perante a pressão pública, o presidente da câmara da cidade viu-se obrigado a negar que tenha sido tomada qualquer decisão. "Acho a agitação bastante peculiar. Ainda não foi tomada nenhuma decisão, nem sequer um pedido de licença", afirmou o presidente da câmara Ahmed Aboutaleb, citado por um jornal holandês.

Segundo terá afirmado o presidente da câmara, o município só tomará a decisão depois de ser apresentado um pedido de licença e de avaliar o respectivo impacto, incluindo se tal poderá ser feito sem danificar a ponte e se Bezos e/ou a Oceanco — a construtora do navio — irão efetivamente pagar a conta.