Numa nota enviada pelo gabinete do Ministério da Defesa, João Gomes Cravinho lamenta "com profundo pesar" a morte do antigo Ministro da Defesa Nacional e antigo Chefe do Estado-Maior do Exército.

"O General Loureiro dos Santos era uma referência incontornável para as Forças Armadas e para a sociedade portuguesa, que transcende o Exército e é um nome que, pelo seu reconhecimento, perdura nas nossas memórias", refere a nota enviada ao SAPO24.

"uma referência intelectual inspiradora de uma dimensão que vai além do Exército"

Loureiro dos Santos é recordado pelo ministro como "um líder com um grande sentido de dever, de lealdade, e de disciplina" e "uma referência intelectual inspiradora de uma dimensão que vai além do Exército".

Também na sua conta na rede social Twitter, João Gomes Cravinho escreveu que o general Loureiro dos Santos foi uma "figura de referência ímpar no pensamento militar em Portugal" e que "foi fundamental para a transição das Forças Armadas no regime democrático".

O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) António Silva Ribeiro recorda o general Loureiro dos Santos com "uma referência" na sua vida, considerando ser um "dia triste para todos os militares e académicos".

“Foi não só um militar brilhantíssimo, mas um intelectual de elevada craveira, a sua morte representa para todos nós, militares, uma grande perda, mas também para a academia em Portugal”, disse à Lusa, o almirante.

"dia triste para todos os militares e académicos"

O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas lembrou que o general Loureiro dos Santos, depois de terminar a carreira no Exército, foi professor em várias universidades, entre as quais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em Lisboa.

“Foi um professor de temas de estratégia, tendo tido uma carreira militar e académica brilhante. Hoje, sem dúvida, é um dia de grande tristeza para todos nós, militares e académicos, que vemos um dos mais brilhantes de todos nós partir”, frisou.

O almirante lembrou que Loureiro dos Santos foi para si “uma referência”, recordando que nos seus trabalhos, quer de mestrado, quer de doutoramento, a obra do general “esteve sempre presente” dado que tinham interesses académicos comuns nas áreas da teoria da estratégia e do planeamento estratégico.

“Interagimos muito os dois. E eu beneficiei imenso daquilo que foram os trabalhos precursores do general nessas áreas de investigação científica no ISCSP”, afirmou, lembrando ainda que acabou por ministrar no Instituto, quando enveredou pela carreira académica, algumas cadeiras que haviam sido anteriormente ministradas pelo general.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa lembra que a contribuição do general foi “muito relevante para a consolidação da democracia” em Portugal.

“O general Loureiro dos Santos teve uma destacada e reconhecida participação na vida pública portuguesa, com uma contribuição muito relevante para a consolidação da Democracia”, refere Marcelo Rebelo de Sousa numa nota publicada na página oficial da Presidência da República.

"Uma excecional inteligência e vasta experiência académica"

Marcelo Rebelo de Sousa lembra ainda o general como um homem dotado de “uma excecional inteligência e vasta experiência académica”, além de ser “detentor de um pensamento inovador nos conceitos de estratégia e defesa nacional, sendo considerado um dos mais notáveis militares da sua geração e o grande mestre da moderna escola de estratégia em Portugal”.

Na nota, o Presidente da República refere ainda que Loureiro dos Santos foi condecorado várias vezes pelo Estado português, tendo este ano sido agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada por Marcelo Rebelo de Sousa.

O primeiro-ministro, António Costa, expressou o seu "profundo pesar" pela morte de Loureiro dos Santos, considerando que o general deixou uma "marca indelével na construção e consolidação" da democracia portuguesa.

"Deu grandes contributos para a definição da nossa política externa e agora deixa-nos com muita saudade"

"O general Loureiro dos Santos deixou uma marca indelével na construção e consolidação da nossa democracia", vincou o também secretário-geral do PS, que falava aos jornalistas antes de um almoço com militantes socialistas, em Coimbra.

António Costa salientou o facto de o general, já depois de ter terminado a sua prestação de serviço, ter prosseguido com "uma reflexão sempre muito ativa, muito inteligente, muito informada sobre a inserção geoestratégica de Portugal".

"Deu grandes contributos para a definição da nossa política externa e agora deixa-nos com muita saudade", disse o primeiro-ministro.

O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, lamentou a "inesperada e triste" notícia lembrando-o como um chefe militar "muito admirado pelos portugueses".

"Foi sempre uma voz muito presente no espaço público, que contribuiu bastante para a difusão de uma cultura de segurança e defesa em Portugal. Espero que o seu legado continue sempre bem vivo no Exército e na sua terra natal de Sabrosa, onde existe um arquivo aberto ao público com o seu nome", escreveu o presidente do parlamento, numa nota enviada à agência Lusa.

Ferro Rodrigues recordou o ex-ministro da Defesa Nacional e Chefe do Estado-Maior do Exército como um homem "muito respeitado pelos seus pares e muito admirado pelos portugueses, endereçando à família, aos amigos e ao Exército Português as suas condolências, em nome da Assembleia da República.

"muito respeitado pelos seus pares e muito admirado pelos portugueses"

O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, recorda Loureiro dos Santos como um “grande amigo”, um “militar extraordinariamente competente” e que deixa uma “marca grande” no país.

“Acima de tudo, recordo-o como um amigo, um grande amigo que parte, com o qual tive muitas lutas conjuntas depois do 25 de Abril para que a consolidação da Democracia fosse possível”, afirmou o tenente coronel Vasco Lourenço.

O capitão de Abril Vasco Lourenço recordou a passagem de Loureiro dos Santos pela 5.ª Divisão do Estado-Maior General das Forças Armadas, “onde começou a envolver-se no processo” político do pós-25 de Abril, e foi membro do Conselho da Revolução.

Foi um “militar extraordinariamente competente", que “desempenhou altos cargos, quer no Governo, como Ministro da Defesa, quer nas Forças Armadas, como chefe do Estado Maior do Exército”, afirmou ainda.

“Militar extraordinariamente competente"

“O país fica hoje um pouco mais pobre com a partida do general Loureiro dos Santos”, concluiu Vasco Lourenço, manifestando ainda a tristeza da associação a que preside pela morte de um dos seus associados.

O deputado socialista João Soares recorda o general como um homem "culto e inteligente" que o aconselhou por diversas vezes.

“Recebo como grande tristeza a morte do general. Quando tive responsabilidades na área da defesa, sob a direção de António José Seguro, várias vezes falei com ele, também quando fiz parte do Conselho Superior de Defesa Nacional. Várias vezes me aconselhei com o general, que nunca deixou de, generosa e inteligentemente, me dar o seu conselho”, disse à Lusa João Soares.

“Era um homem culto e inteligente e com um grande sentido de humor”, referiu João Soares,

João Soares lembrou que a última vez que esteve com o general Loureiro dos Santos, aquando do lançamento da sua biografia, ele já se encontrava “muito debilitado”, mas nem por isso o deixou de cumprimentar.

“Era um homem culto e inteligente e com um grande sentido de humor”

O deputado socialista recordou ainda Loureiro dos Santos como “um grande militar das Forças Armadas portuguesas” e “um grande militar de Abril”, além do seu percurso como membro de dois governos “em circunstancias complicadas”, entre 1978 e 1980, dirigidos por Carlos Mota Pinto e Maria de Lourdes Pintasilgo.

“Era um homem que estudava as questões que tinham a ver com as nossas Forças Armadas e as questões de geoestratégia internacional”, lembrou João Soares, frisando a sua “admiração e respeito” pelo general.

O presidente do PSD, Rui Rio, lamentou a morte de Loureiro dos Santos, considerando-o uma "pessoa de grande valor intelectual", com uma visão estratégica sobre as relações externas e as questões militares.

"O general Loureiro dos Santos habituou-nos a todos a olhar para ele como uma pessoa de grande valor intelectual, seja nas relações externas, seja particularmente nas questões militares", afirmou Rui Rio, que falava aos jornalistas após uma reunião do Conselho Estratégico Nacional do PSD, em Coimbra.

Numa altura em que "escasseavam nas Forças Armadas pessoas com essa visão estratégica, ele, a par de mais dois ou três, foi dos primeiros a aparecer no espaço público e a todos ensinar essa componente da defesa nacional e militar", realçou o líder social democrata.

"Foi dos primeiros a aparecer no espaço público e a todos ensinar essa componente da defesa nacional e militar"

Para Rui Rio, a morte de Loureiro dos Santos é "uma perda para o país", esperando que surjam outros generais "capazes de refletir em público a estratégia da defesa nacional, porque, como é evidente, as funções de soberania, ao longo dos últimos anos, foram perdendo força".

O ex-Presidente da República António Ramalho Eanes lembrou hoje, emocionado, o general Loureiro dos Santos, seu "irmão por opção", sublinhando a sua personalidade "de excelência", como militar e académico, e como "exemplo ético".

Ramalho Eanes recordou e elogiou o percurso do antigo ministro da Defesa e ex-Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), "o seu propósito de excelência", como "aluno, professor, como militar, nas suas missões e nas funções que resolveu exercer", e o seu "exemplo ético".

"Espécie de irmão por opção"

O "exemplo ético", disse, manifestou-o Loureiro dos Santos ao deixar o cargo de CEME, por causa da chamada "lei dos coronéis", que impunha a reforma antecipada de dezenas de oficiais.

"Entendeu que, para continuar, tinha que trair a confiança dos seus homens. Por isso, entendeu não continuar", afirmou o ex-presidente, em declarações à Lusa e à RTP, na sua residência, em Lisboa.

Ramalho Eanes citou palavras de Loureiro dos Santos, numa biografia da autoria da jornalista Luísa Meireles, em que o considerou "irmão por opção".

"Para mim, ele é também é assim uma espécie de irmão por opção", disse o general, visivelmente emocionado.