Os parlamentares da oposição foram retirados à força do hemiciclo por agentes das forças de segurança.
Na quarta-feira, o regresso à atividade do Conselho Legislativo (Parlamento) de Hong Kong foi marcado por um clima de alta tensão, três meses depois desta câmara ter sido ocupada por centenas de manifestantes pró-democracia e dos parlamentares terem sido forçados a suspender os trabalhos parlamentares.
Apoiada por Pequim para dirigir a antiga colónia britânica, Carrie Lam tinha previsto fazer, na quarta-feira, o seu discurso anual de política geral, mas, após ter sido interrompida várias vezes por deputados da oposição, decidiu abandonar o Conselho Legislativo sob protestos.
Carrie Lam acabaria por proferir o discurso através de um vídeo, filmado à porta fechada.
No discurso, o terceiro desde que assumiu funções em 2017, Carrie Lam interpretou novamente a vaga de contestação registada nos últimos meses em Hong Kong como uma crise não política, mas sim como algo que tem fundamentos sociais, destacando, entre outros aspetos, as dificuldades reais que enfrentam os habitantes daquele território.
A chefe do Governo de Hong Kong regressou hoje ao Parlamento — maioritariamente pró-Pequim — para responder às perguntas dos deputados sobre o seu discurso, mas a política enfrentou novos protestos, com os elementos da oposição a gritaram frases de ordem sempre que Carrie Lam tomava a palavra.
Momentos mais tarde, Carrie Lam voltaria a usar um meio alternativo para expressar em direto as suas posições políticas, tendo recorrido à rede social Facebook (Facebook Live).
Mas, como relatam as agências internacionais, a página da transmissão ‘online’ foi rapidamente invadida por comentários críticos.
Hong Kong, antiga colónia britânica, está a atravessar a pior crise política desde a sua transferência para as autoridades chinesas em 1997.
Nos últimos quatro meses, o território semiautónomo tem sido palco de manifestações pró-democracia que muitas vezes têm degenerado em confrontos entre as forças policiais e ativistas mais radicais.
Iniciada em junho contra um projeto-lei de alteração, entretanto anulado, à lei da extradição (que visava permitir extradições para Pequim), a contestação nas ruas generalizou-se e ampliou as suas reivindicações, denunciando atualmente o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” e uma ingerência da China nos assuntos internos daquele território.
Com o passar dos meses, e perante a não cedência do executivo de Hong Kong e de Pequim, os protestos tornaram-se mais musculados, tanto da parte de ativistas mais radicais como das forças policiais.
Na quarta-feira, os organizadores das manifestações em Hong Kong denunciaram que um dos líderes do movimento foi atacado por desconhecidos com martelos, alegando que o ataque foi “politicamente motivado”.
Jimmy Sham, líder da Frente Cívica dos Direitos Humanos (FCDH), “foi ferido na cabeça e transferido para o hospital Kwong Wah” informou, na altura, a organização responsável pelas manifestações de maiores dimensões nos últimos meses na ex-colónia britânica.
O líder do movimento permanecia hoje hospitalizado.
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