Pouco antes das 08:00 da manhã em Hong Kong (meia-noite em Lisboa) foi publicado na rede social Twitter um vídeo no qual um polícia de trânsito é visto a atirar três tiros de curta distância em dois jovens vestidos de preto – uma cor associada aos protestos pró-democracia – na área residencial de Sai Wan Ho, onde um grupo de manifestantes estava a bloquear a circulação automóvel.

Na gravação, vê-se inicialmente o agente a atravessar a rua seguido por alguns manifestantes. Num movimento repentino, o agente saca da arma, vira-se e agarrou um jovem vestido de branco e com a cara tapada por uma máscara.

O jovem resistiu e bateu no ombro direito do polícia, que disparou um tiro no estômago contra outro indivíduo, também de máscara, mas com uma indumentária preta, que tentou aparentemente tirar-lhe a arma. O polícia efetuou ainda dois outros disparos contra outro manifestante que também se aproximava.

Num comunicado enviado posteriormente pela polícia,  é confirmado que, durante as operações policiais, um agente usou a sua arma de serviço e “um homem foi baleado”. Em outras duas áreas, Shatin e Tung Chung, outros polícias foram obrigados ainda a sacarem as armas de serviço dos coldres, acrescenta o comunicado.

“Apelamos aos manifestantes radicais para que sejam calmos e racionais. Os manifestantes devem interromper todos os atos que ameaçam a segurança de outras pessoas e obstruam a execução legal do dever pela polícia”, acrescenta-se.

Na mesma nota explica-se que, “desde esta manhã, manifestantes radicais estabeleceram barricadas em vários locais em Hong Kong. Inclusive, atiraram objetos grandes e pesados, para as faixas de rodagem, representando grande perigo para os utilizadores da estrada” e que “os manifestantes também atiraram bombas incendiárias” no metropolitano “e vandalizaram as instalações universitárias”.

As forças de segurança indicaram ainda que, “devido aos extensos atos ilegais dos manifestantes, a polícia respondeu com operações de dispersão e detenções”.

Por outro lado, a polícia desmentiu “rumores ‘online'” que alegavam terem sido dadas instruções aos “polícias da linha de frente para que usassem as suas armas de fogo de forma imprudente nas operações de hoje”.

A polícia esclareceu que “esta alegação é totalmente falsa e maliciosa”, que aquela força de segurança “tem diretrizes e ordens rigorosas sobre o uso de armas de fogo” e que todos os agentes “são obrigados a justificar as suas ações”.

Esta é a terceira vez que balas reais são disparadas diretamente contra os manifestantes pela polícia de Hong Kong.

Os outros dois incidentes ocorreram no início de outubro, ferindo dois jovens, de 18 e de 14 anos.

A greve geral foi convocada esta segunda-feira nas redes sociais após a morte na sexta-feira de um estudante universitário de 22 anos que caiu de um parque de estacionamento e sofreu ferimentos cerebrais graves em circunstâncias desconhecidas durante um protesto a 3 de novembro.

Os manifestantes culpam a polícia, que já negou categoricamente qualquer responsabilidade na morte do estudante.

O caos continuou a crescer esta manhã na ex-colónia britânica, com a greve a causar constrangimentos no trânsito em diferentes partes da cidade na hora de ponta.

Inúmeros elementos das forças de segurança, incluindo a polícia antimotim, foram mobilizados em diferentes distritos.

Após o incidente dos disparos, uma multidão furiosa reuniu-se em San Wai Ho e apelidou os polícias de “assassinos”, com os agentes a isolaram algumas das ruas naquela área.

Os ‘media’ locais têm noticiado que, após o episódio dos disparos, vários incidentes violentos têm alastrado pela cidade.