“Há a preocupação de — como já aconteceu em anos anteriores — podermos ter de recorrer a este mecanismo europeu de proteção civil, que permite que Portugal, efetivamente, tenha a solidariedade dos outros países europeus e dessa maneira (…) consiga implementar no terreno uma capacidade mais robusta de resposta”, disse à agência Lusa o presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Luís Meira.

A UE atribuiu diretamente 106 milhões de euros para execução do consórcio, que abrange a Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo, Portugal, Roménia e Turquia, visando o melhoramento do mecanismo europeu de proteção civil em caso de emergências médicas, na sequência de grandes catástrofes naturais ou provocadas pelo homem.

Segundo Luís Meira, Portugal tem demonstrado, nos últimos tempos, um “espírito de solidariedade” e o INEM tem-se antecipado nas missões conjuntas, que dão apoio a outros países.

“A capacidade de resposta dos países não é suficiente para responder a situações que muitas vezes não respeitam as fronteiras dos países e, portanto, integrar este projeto é fundamental para Portugal, porque nós estamos a contribuir para um espírito de solidariedade e cooperação com outros países europeus que aceitaram integrar este consórcio”, salientou.

Contribuindo para fortalecer a capacidade de resposta da UE e de Portugal perante “cenários violentos”, Luís Meira explicou que o EMT (Emergency Medical Team (Equipa de Emergência Médica, em tradução simples)) que o INEM tem certificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 2018 “é um excelente exemplo”.

“Nós fomos certificados nessa altura e passados poucos dias estávamos no terreno a apoiar Moçambique por causa do ciclone Idai. Isso é o melhor exemplo”, lembrou, acrescentado que “provavelmente já em 2024 se comecem a ver as primeiras realizações no terreno deste projeto”.

“Portugal vai ter acesso, através do INEM, a cerca de 6,7 milhões de euros para financiamentos específicos de duas das capacidades que serão atribuídas. Além do EMT, teremos uma célula especializada no transporte e outra célula especializada na produção de oxigénio que (…) irão oferecer resposta e criar a possibilidade termos (…) um dos maiores hospitais de campanha que poderá intervir no terreno a nível mundial”, indicou.

O responsável pela rede de equipas médicas de emergência da OMS, Flavio Salio, por seu turno, disse que o consórcio foi criado para “reforçar a capacidade nacional e unir os países” para maximizar o serviço de proteção civil.

“A expectativa é que os países reforcem a sua capacidade de resposta nas emergências domésticas e depois se reúnam para uma resposta conjunta”, afirmou.

Já o diretor de Gestão de Emergências da Comissão Europeia, Hans Das, explicou que o projeto rescEU EMT deverá ser “o maior hospital de campanha do mundo”.

“Na prática, este hospital de campanha deverá estar operacional em meados de 2024, fazendo parte do mecanismo de resgate e sendo um ponto estratégico que estamos a desenvolver a nível europeu”, adiantou.

Segundo Hans Das, o hospital de campanha vai reforçar as equipas de emergência dos países durante situações de catástrofe natural ou pandemia.

“Estamos a anunciar a atribuição de 106 milhões de euros do orçamento da Proteção Civil [da UE] para esta equipa de emergência médica (…), que pertence a um esforço mais amplo. Também estamos a investir em médicos (…) e outros tipos de mecanismos com um orçamento de 02 mil milhões de euros”, sustentou.

Hans Das recordou ainda que, “com as mudanças climáticas, (…) haverá mais desastres naturais no mundo, incluindo inundações, secas e incêndios”, sublinhando que o hospital de campanha “é muito necessário”.

Por seu lado, o secretário de Estado do Ministério do Interior da Roménia, Raed Arafat, indicou que este conceito já havia sido testado no seu país em 2018, também com o apoio da UE.

“Vimos que é possível trabalhar em conjunto, é possível criar uma forte capacidade [de reação] com vários países. (…) Na pandemia, só na Roménia operaram quatro hospitais de campanha, três com militares e outro com a Proteção Civil. Vimos o seu impacto quando tivemos situações aflitivas com muitos pacientes e não tínhamos espaço para eles”, observou.

Considerando o hospital de campanha imprescindível, Raed Arafat afirmou que a Roménia tem aprendido muito desde a pandemia até à receção de refugiados por causa da guerra na Ucrânia.

O projeto será composto por três equipas de emergência médica de tipo 2 (EMT2) e terá a capacidade de prestar cuidados médicos urgentes, incluindo capacidade cirúrgica, 24 horas por dia.

Também serão criadas 17 equipas especializadas nas áreas dos Cuidados Intensivos, tratamento de doentes queimados, diagnóstico avançado, apoio maternoinfantil, tratamento ortopédico, reabilitação, transporte de doentes, apoio laboratorial e de telecomunicações.

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