De acordo com os dados oficiais do Portal da Saúde sobre o tempo médio de resposta dos utentes operados entre julho e setembro do ano passado, citados na quinta-feira pela Lusa, a cirurgia cardiotorácica no Hospital de Santa Marta, em Lisboa, surge como um dos casos com maior tempo médio de espera para doentes muito prioritários: uma média de 135 dias para doentes que deviam esperar no máximo 15 dias.
No entanto, segundo o diretor do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica, José Fragata, os dados disponibilizados pelo Portal da Saúde não estão corretos, havendo “um erro informático” que “não traduz de maneira nenhuma, a média e o quadro real da lista de espera do serviço”.
O cirurgião explicou que uma doente se encontrava em lista de espera sem urgência, tendo-se a sua situação clínica agravado, pelo que foi considerada como muito prioritária e operada pouco tempo depois.
“A lei estipula 15 dias e ela foi operada 20 dias depois. Correu bem, foi-se embora”, mas por “erro informático, o tempo manteve-se a contar num cúmulo de 135 dias, o que não corresponde assim à realidade”, disse à agência Lusa o diretor do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de Santa Marta, que pertence ao Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central.
Para José Fragata, “não é assim correto e parecerá mesmo abusivo extrapolar o que se passa no serviço a partir de um caso, que não corresponde à realidade factual”.
“Este período do Serviço Nacional de Saúde tem sido muito difícil, com falta de pessoal, falta de enfermeiros, camas fechadas, mas mesmo assim temos uma lista de espera totalmente equilibrada” e “não deixamos um doente prioritário à espera 135 dias porque isso seria má prática médica”, vincou.
Segundo dados do serviço, referente ao passado mês de janeiro, estavam em lista de espera para cirurgia cardíaca 184 doentes, com um tempo de resposta de 135 dias (mediana).
“Destes doentes, 29 estão como prioritários e um como muito prioritário, e têm estado a ser tratados dentro do intervalo de tempo que a sua situação clínica impõe, aliás no quadro que a lei define”, indicam os mesmos dados.
Para cirurgia torácica, há 106 doentes em lista de espera com uma mediana de resposta de 153 dias, sendo nove doentes oncológicos com prioridade normal e cinco oncológicos prioritários.
O tempo máximo de espera cirúrgica no serviço para um doente oncológico é de 36 dias, com uma média de 17 dias (a lei estipula 30 dias para prioridade normal), não havendo atualmente doentes muito prioritários.
José Fragata reiterou que “o serviço se esforça, apesar de todas as dificuldades presentemente conhecidas no Serviço Nacional de Saúde, por cumprir os prazos e sobretudo por responder aos doentes no seu melhor interesse”.
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