Pelo menos quatro homens armados invadiram o Hotel Intercontinental de Cabul e começaram a disparar sobre hóspedes e funcionários, disseram à agência francesa France-Presse (AFP) fontes oficiais. O ataque, que segundo a imprensa afegã ainda decorre, fez já várias vítimas.

Não houve, até agora, reivindicações de autoria deste que é o mais recente ataque na capital afegã, depois de uma série de alertas de segurança terem recomendado, nos últimos dias, evitar hotéis e outros locais frequentados por estrangeiros.

"Quatro atacantes estão dentro do prédio", informou à AFP um funcionário da agência de espionagem Diretório Nacional de Segurança (DNS). Eles estão "a disparar sobre hóspedes", acrescentou.

Um hóspede escondido num quarto dos quartos disse à AFP que conseguiu ouvir disparos dentro do hotel, construído sobre uma colina nos anos 1960, onde se hospedavam dezenas de pessoas que no domingo participariam numa conferência sobre tecnologia.

"Eu não sei se os atacantes estão dentro do hotel, mas posso ouvir disparos de algum lugar perto do primeiro andar", disse por telefone o homem, que não quis se identificar.

"Estamos escondidos nos nossos quartos. Imploro que as forças de segurança nos resgatem o mais rápido possível, antes que eles nos encontrem e nos matem", afirmou. O telefone deste homem estava desligado quando a AFP tentou entrar de novo em contacto com ele.

Outra fonte oficial informou que os atacantes levavam armas curtas e granadas quando invadiram o hotel, que costuma sediar casamentos, conferências e encontros políticos.

"Sete feridos foram levados ao hospital", informou à AFP o vice-ministro do Interior, Nasrat Rahimi, acrescentando que dois dos atacantes foram mortos.

"Alguns outros hóspedes foram resgatados. Vamos poder divulgar números de vítimas assim que a operação terminar", acrescentou.

A imprensa afegã informa que o ataque teria deixado várias vítimas.

Rahimi disse que o primeiro e o segundo pisos do hotel foram libertados pelas forças de segurança, que agora tentam libertar o quarto e o quinto andares. Forças especiais chegaram de helicóptero ao teto do hotel, acrescentou.

O quarto piso do hotel, que abriga restaurantes e uma piscina externa, foi incendiado durante a ação, informou o oficial do DNS.

"A operação terminará em breve e os atacantes serão mortos", assegurou à AFP o porta-voz do ministério do Interior, Najib Danish.

Segurança posta em causa

As autoridades já estão a investigar de que forma os atacantes conseguiram passar pela segurança, que foi assumida há duas semanas por uma companhia privada, disse Danish. "Provavelmente, usaram uma porta dos fundos na cozinha para entrar", acrescentou.

Abdullah Sabet, funcionário no ministério da Comunicação e da Tecnologia da Informação, disse que funcionários de tecnologias da informação de todo o país estavam hospedados no hotel para participar numa conferência que ocorreria no domingo.

"Havia 40 deles no hotel. Não sabemos se algum deles foi morto ou ferido", afirmou Sabet.

A segurança no Intercontinental, que não faz parte da rede global InterContinental, é relativamente fraca em comparação com outros hotéis de luxo em Cabul.

O local sediou uma conferência de relações sino-afegãs mais cedo neste sábado, onde participou o conselheiro político da embaixada chinesa, Zhang Zhixin.

Um jornalista da AFP que participou n conferência passou por dois controlos ao veículo. Na entrada do prédio, houve uma inspeção física que poderia ter sido facilmente evitada, escalando uma barreira baixa e entrando no lobby, escreve a agência francesa.

Alertas de segurança enviados nos últimos dias a estrangeiros que vivem em Cabul avisavam que "grupos extremistas podem estar a planear um ataque contra hotéis em Cabul", bem como contra aglomerações públicas e outros locais, "onde se sabe que estrangeiros se reúnem".

Em junho de 2011, o Intercontinental foi alvo de um atentado suicida reivindicado pelos talibãs, que matou 21 pessoas, inclusive 10 civis.

A segurança em Cabul tem sido intensificada desde 31 de maio passado, quando um grande ataque com um camião-bomba no quarteirão diplomático da capital afegã, deixou 150 mortos e cerca de 400 feridos, a maioria civis. Nenhum grupo reivindicou este ataque até hoje.

O grupo Estado Islâmico tem assumido a autoria da maior parte dos atentados na capital afegã, mas autoridades suspeitam de que a rede Haqqani, afiliada aos Talibã, possa estar envolvida nalguns deles.

O mais mortal dos ataques recentes ocorreu contra um centro cultural xiita a 29 de dezembro, quando um suicida se fez explodir, matando mais de 40 pessoas.