“É evidente que não sou candidato”, afirmou Hugo Soares, no final da reunião da bancada do PSD, questionado pelos jornalistas.
Sobre os motivos que o presidente eleito do PSD lhe terá dado para não querer continuar a trabalhar consigo, Hugo Soares frisou que Rui Rio “não tem de explicar motivos nenhuns”.
“A decisão é minha e eu é que tenho de perceber se da parte do doutor Rui Rio há ou não há confiança política e vontade de continuar a trabalhar com a atual direção parlamentar (…) O doutor Rui Rio transmitiu-me o desejo de trabalhar com uma direção de grupo parlamentar diferente, cabe ao presidente do grupo parlamentar interpretar os sinais e a decisão é minha de devolver a palavra aos colegas deputados para eleger nova direção”, explicou.
Para Hugo Soares, a conversa com Rui Rio “era a condição que faltava” para tomar a decisão de convocar eleições para a próxima semana, no dia 22.
O ainda líder da bancada agradeceu aos colegas que o elegeram “há cerca de seis meses com 85% dos votos” e assegurou que se manterá “na primeira linha de combate político ao PS”.
“Foram seis meses muito difíceis: praticamente tomámos posse com o anúncio da não recandidatura do doutor Passos Coelho, com uma campanha interna do partido, com uma moção de censura, com um debate orçamental e vários debates quinzenais”, recordou, dizendo não estar desiludido com este desfecho, apenas “orgulhoso no trabalho” feito nos últimos seis meses.
Questionado se ficou em causa a autonomia do grupo parlamentar, Hugo Soares não respondeu diretamente: “Não tenho dúvida nenhuma que o grupo parlamentar do PSD continuará a ser fortíssima oposição ao PS, é isso que nos deve mobilizar”.
Quanto ao lugar que ocupará no futuro no parlamento, Hugo Soares não esclareceu se irá para a última fila do plenário, mas garantiu que estará “sempre na linha da frente no combate ao PS e a ajudar o doutor Rui Rio na construção de uma alternativa”.
O líder parlamentar escusou-se também a “interpretar” se esta posição de Rui Rio será a melhor para unir o partido, dizendo que “a interpretação dos sinais é dos comentadores, dos articulistas”.
Sobre o seu sucessor, Hugo Soares manifestou-se convicto que na bancada do PSD, “a maior do parlamento”, “há várias e vários colegas com capacidade de protagonizar o combate a António Costa e de serem excelentes líderes parlamentares” e aproveitou para deixar um elogio ao ainda presidente do partido.
“Qualquer líder que desperdice o legado de Pedro Passos Coelho está a cometer um erro crasso, não me parece que o doutor Rui Rio o vá fazer”, disse, considerando Passos “um dos melhores primeiros-ministros da história de Portugal”.
Hugo Soares disse ainda esperar que o facto de a decisão de deixar a liderança da bancada ter sido articulada e comunicada com antecedência não traga qualquer “intranquilidade” ao Congresso do PSD do próximo fim de semana, que espera que decorra com “grande moderação”.
Na reunião, que durou pouco mais de uma hora foram vários os deputados que usaram da palavra para agradecer o trabalho do ainda líder parlamentar, casos do vice-presidente do partido Marco António Costa, da dirigente Joana Barata Lopes ou de José Matos Correia e Duarte Marques.
Os ex-ministros Paula Teixeira da Cruz e Carlos Costa Neves, que tinham defendido publicamente a continuidade de Hugo Soares, também usaram da palavra.
Segundo fontes presentes na reunião, uma das intervenções mais críticas para o líder social-democrata eleito foi a do presidente da distrital de Lisboa, Pedro Pinto, que terá até manifestado intenção de não participar nas eleições da próxima semana.
Entre os apoiantes de Rui Rio, apenas falou o deputado Emídio Guerreiro, numa intervenção curta e que serviu sobretudo para agradecer o trabalho de Hugo Soares.
[Notícia atualizada às 20:10]
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