Num projeto de resolução, ao qual a agência Lusa teve acesso, o partido liderado por João Cotrim Figueiredo considera que Portugal, “que em 2021 teve quase 10% do gás importando proveniente da Federação Russa, tem também o dever de encetar um esforço de redução total e gradual das importações de energia russa, independentemente da posição dos outros Estados-Membros e de uma eventual posição comum da União Europeia”.
“No entanto, o Governo português tem permanecido discreto neste debate, mostrando apenas ‘abertura’ à possibilidade deste embargo e não clarificando um calendário de cessação das importações”, lamenta.
Na perspetiva da IL, é preciso “um maior esforço diplomático do Governo” português na defesa “deste embargo energético junto dos Estados-Membros que têm estado mais reticentes a tomar esta decisão”.
Por isso, os liberais avançam com este projeto de resolução – sem força de lei – através do qual pretendem que a Assembleia da República recomende ao executivo português que “defenda ativamente um embargo à importação de gás da Federação Russa” através dos canais diplomáticos adequados, como o Conselho Europeu, o Conselho de Negócios Estrangeiros da União Europeia e noutras formações relevantes do Conselho da União Europeia.
A IL quer ainda que seja proposto ao Governo que “calendarize a eliminação gradual de todas as importações de gás russo para Portugal, independentemente daquela que venha a ser a posição da União Europeia sobre este assunto”.
“A invasão da Ucrânia [pela Rússia] constitui um confronto decisivo entre duas visões sobre a ordem internacional”, refere o partido na mesma iniciativa.
Para a IL, “as considerações de segurança que sustentam a possibilidade de um embargo energético total à Federação Russa ultrapassam as desvantagens económicas, quando a Rússia já recebeu mais de 44 mil milhões de euros da União Europeia em pagamentos de energia”, ultrapassando assim os 500 milhões de euros prometidos pela mesma União Europeia à Ucrânia.
“Mais ainda, a Iniciativa Liberal considera fundamental que a União Europeia dê um sinal claro sobre a ordem internacional que deseja defender. Embora esteja em curso um debate sobre os reais efeitos das sanções em curso contra a Federação Russa, não se deve menosprezar a dimensão dissuasora que estas acarretam para o futuro”, enfatiza.
Precisamente hoje, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs a proibição das importações europeias de petróleo à Rússia, a concretizar gradualmente até final do ano devido à dependência de alguns países, na sequência da guerra na Ucrânia.
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