Depois de uma noite de chamas em que várias primeiras habitações arderam, durante o dia de hoje os bombeiros continuaram a tentar controlar os vários focos de incêndio que foram surgindo. Em cada localidade, os populares ajudavam como podiam os bombeiros, poucos para as inúmeras ocorrências.
"A situação está controlada. Temos dois pontos críticos, mas não alarmantes. É no Ponto Novo e no Parque de Campismo da Orbitur, na Mata Nacional, em S. Pedro de Moel. Esperamos que durante este dia e princípio da noite, os pontos críticos fiquem resolvidos", adiantou o presidente cessante da Câmara da Marinha Grande, Paulo Vicente, pelas 17:00 de hoje.
Segundo o autarca, "pelas contas dos técnicos por alto, no fogo todo terão ardido 17.250 hectares, o que representa 80% da mata nacional".
O cenário de quem passa pelos locais ardidos é desolador. Mostra a crueldade das chamas, que devastaram habitações, empresas e até parte do parque de campismo da Praia da Vieira, no concelho da Marinha Grande.
"Na freguesia da Vieira haverá cerca de dez primeiras habitações, cujos habitantes ficaram desalojados. Os serviços e as pessoas estão a resolver as suas situações para o realojamento", explicou Paulo Vicente, ao realçar o "civismo dos munícipes", que "obedeceram às orientações que lhes foram dadas, quer pelos bombeiros e forças de segurança, ao evacuarem as próprias habitações e encontrarem sítios seguros", disse.
O fumo intenso, quase irrespirável, que paira sobre os concelhos afetados, contrasta com o negro do pinhal e das casas. Pelas várias localidades, o cansaço no rosto de cada habitante faz prova da noite complicada que viveram, sem dormir e a tentar molhar as suas habitações para evitar que o fogo chegasse.
"Não vi muito, mas tenho medo de ir ver mais, porque ver tudo isto neste estado dói. Dói muito." As palavras são de Nuno Machado, natural da Marinha Grande, que desde domingo ajuda a combater o incêndio e a proteger algumas habitações, sobretudo na zona das Gaeiras, onde "não houve casas em risco", mas a população não se poupou ao "susto".
"Esta zona é tudo mato, que há muito já deveria ter sido limpo. Tudo isto acabou por ser um rastilho de pólvora. Com casas ao lado, bastava saltar uma fagulha e colocar as casas todas em risco. Temos uma extensão de cerca de 30 quilómetros, desde a Burinhosa até à Praia da Vieira, onde em oito horas ardeu tudo completamente. Temos o maior pulmão, um dos sítios mais belos que havia na região Centro e temos 80 a 90% completamente destruído e queimado", lamentou ainda Nuno Machado, com a tristeza marcada no rosto.
Este munícipe acrescentou que se "perdeu um local para passear e fazer piqueniques". "Perdemos isso tudo e algo que dava um ar puro e oxigénio a todas as pessoas que moram aqui nas redondezas. O pinhal de Leiria já era".
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