“O que eu ouço é uma grande falta de coordenação no terreno, não vemos o Governo a mexer e a dar indicações mais claras sobre esta matéria. Pelo contrário, manteve tudo como estava, da ministra [da Administração Interna] até tudo por aí abaixo, parece que essa não é a sua preocupação”, disse.
Falando aos jornalistas em Lisboa, à margem de uma visita inserida na campanha autárquica, Assunção Cristas, que é a candidata do CDS-PP à Câmara da capital, apontou que “a única coisa” que o Governo fez foi “arranjar uma porta-voz centralizada em Carnaxide", numa referência à adjunta nacional de operações da Autoridade Nacional da Proteção Civil, Patrícia Gaspar.
“Não parece que isso esteja a resolver o problema operacional no terreno e, portanto, certamente que o senhor primeiro-ministro está a errar no foco nesta matéria”, advogou a líder centrista, acrescentando que “uma porta-voz pode coordenar a comunicação, mas não coordena operacionalmente o que se está a passar nos vários teatros de incêndios um pouco por todo o país”.
Assunção Cristas adiantou que estas informações têm sido apontadas “um pouco por todos: bombeiros, autarcas das várias regiões”.
Falando nas condições meteorológicas, a líder do CDS-PP referiu que este ano “não são piores” do que em anos anteriores, apontando uma diminuição no número de ocorrências.
“Não corresponde à verdade quando se ouve dizer que se atingiram recordes do número de ocorrências este ano, não é isso que os relatórios e os dados mostram”, sublinhou.
Assunção Cristas defendeu ainda que “depois de Pedrógão, era necessário ter visto mais alguma coisa acontecer, e isso não aconteceu”, porque “o que as populações no interior sentem e vão dando nota é de uma grande sensação de abandono”.
“Os fogos continuam a acontecer, continuam a propagar-se, fogos que não tinham razão para se tornarem tão grandes. Este ano tudo parece que alcança proporções desmesuradas”, disse aos jornalistas.
Questionada sobre as declarações do primeiro-ministro, António Costa, em entrevista ao jornal Expresso, na qual referiu a possibilidade de, após as autárquicas, fazer um acordo com o PSD para investimentos em obras públicas, a líder dos democratas-cristãos, desvalorizou.
“Eu creio que o senhor primeiro-ministro talvez por isso não tenha referido o CDS, porque as ideias do CDS já as conhece, pelo menos uma boa parte”, salientou, acrescentando que o seu partido “tem apresentado propostas consistentes ao longo de todos estes meses em várias áreas de obras públicas”.
“O momento próprio tem sido o momento do Orçamento do Estado e outros momentos em que apresentamos projetos de resolução, referindo obras concretas que entendemos que devem ser feitas”, rematou.
Assunção Cristas referiu ainda ser necessária uma “união por parte do Governo em Bruxelas para batalhar para que os fundos comunitários possam ser alocados” a estas obras.
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