O ministro grego para a crise climática e proteção civil, Vassilis Kikilias, disse hoje que os incêndios florestais na Grécia foram reduzidos a "pontos críticos dispersos", cita o The Guardian.
“Quarenta horas após o incêndio florestal extremamente perigoso ter começado em Varnava, agora podemos dizer que não há nenhuma frente ativa, apenas focos dispersos”, afirmou. "Durante estas 40 horas, 702 bombeiros, apoiados por 27 equipas de comando florestal, 199 veículos e 35 meios aéreas — incluindo 17 aeronaves e 18 helicópteros, três dos quais foram usados para coordenação — combateram o incêndio no nordeste da Ática com esforço sobre-humano", acrescentou Kikilias.
Nos últimos, vários voluntários, a polícia, o exército, os serviços e trabalhadores florestais, os municípios e a Autoridade da Região de Ática evacuaram e salvaram 45 áreas com a assistência do serviço de emergência 112.
Desde sábado que dezenas de fogos têm deflagrado na Grécia, com a preocupação voltada para os subúrbios de Atenas. O incêndio que se espalhou por várias localidades já causou um morto e levou à retirada de milhares de pessoas e à evacuação de cidades e hospitais.
Até então, as altas temperaturas e os ventos fortes que se fizeram sentir na região não deram tréguas aos bombeiros e autoridades envolvidas.
Atenas cercada pelo fogo
De acordo com a Lusa, o incêndio que há mais de dois dias atinge localidades a norte de Atenas já devastou mais de 10.000 hectares e provocou uma vítima mortal, uma mulher de 62 anos.
O corpo foi localizado no interior de uma fábrica em Vrilissia, nos arredores da capital grega, depois de o incêndio que atinge a região da Ática ter começado, no domingo, nas imediações do Lago Maratona e ter alastrado, destruindo várias casas.
Na segunda-feira, o serviço de vigilância da União Europeia (UE) tinha anunciado a mobilização de recursos aéreos e terrestres para ajudar nas tarefas de extinção do incêndio, depois de as autoridades gregas terem ativado o Mecanismo de Proteção Civil da comunidade.
Para além da morte registada, 66 pessoas e ainda cinco bombeiros ficaram feridos, segundo fontes oficiais.
O presidente da Câmara de Halandri, Simos Roussos, disse à televisão pública grega ERT que viu cerca de 10 casas destruídas pelo incêndio.
Como a maioria das fábricas queimadas continha produtos químicos tóxicos, o Ministério do Trabalho grego ordenou a suspensão temporária do trabalho ao ar livre na região.
A maior parte da capital esteve coberta por um fumo acre durante dois dias consecutivos e os cientistas relataram um aumento alarmante de partículas perigosas transportadas pelo ar, especialmente durante a noite, de domingo para segunda-feira.
O incêndio afetou as cidades suburbanas de Nea Penteli, Palaia Penteli, Patima Halandriou e Vrilissia, de onde fugiram milhares de pessoas.
Alimentado por ventos fortes, o fogo transformou-se numa frente de chamas com 30 quilómetros de comprimento e mais de 25 metros de altura em alguns pontos.
Hoje, a temperatura deverá rondar os 38 graus Celsius em Atenas, com ventos de 39 quilómetros por hora, informou o Observatório Nacional da Grécia.
Na capital grega, os residentes, que usavam máscaras para se protegerem do fumo sufocante, pulverizavam água nas suas casas, na esperança de as tornar menos vulneráveis às chamas.
Medidas de apoio
Com os danos já causados pelo incêndio a serem avaliados por equipas de engenheiros e outras autoridades da proteção civil, o governo grego anunciou que medidas de apoio aos afetados serão formalmente divulgadas ainda hoje, referiu o The Guardian.
O primeiro-ministro grego, Kyriákos Mitsotákis, vai supervisionar uma reunião de emergência para discutir a gestão dos incêndios às 18h da Grécia (20h em Portugal).
Os milhares de pessoas, retiradas de casas destruídas pelo incêndio de rápida propagação, poderão solicitar assistência financeira.
O pacote de 15 medidas para desastres naturais inclui um pagamento inicial de apoio de 10.000 euros para propriedades consideradas perigosas e 5.000 euros para aquelas consideradas temporariamente inadequadas.
Por meio de um portal online, que deve ser disponibilizado nos próximos dias, os atingidos pelo fogo poderão solicitar auxílio governamental e empréstimos sem juros para reconstruir propriedades danificadas e serão isentos do pagamento de impostos sobre a propriedade, conhecidos como ENFIA, por três anos.
Proprietários de empresas também estarão isentos de cumprir obrigações fiscais por, pelo menos, seis meses.
As medidas já foram criticadas pela oposição por serem consideradas inadequadas. “O governo está a tentar controlar os danos após o enorme e catastrófico incêndio que durou 40 horas na Ática, chegando até mesmo a atingir o tecido urbano [de Atenas] e deixando para trás uma mulher morta”, escreveu o partido de esquerda Efsyn.
*Com Lusa
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