Reconhecendo que a destruição de primeiras habitações deixou as famílias em situações precárias de alojamento, Pedro Marques garantiu, no parlamento, que “todos os casos reportados estão em casa de familiares”, assegurando que não há informação de pessoas a viver em instalações móveis.

“Se houver casos de pessoas a viver em tendas, não conheço nenhum. Se quiser fazer chegá-los diretamente, vamos à procura de uma solução para essas famílias”, declarou o ministro, reforçando que é necessário ter “informação concreta dessas situações para poder tentar resolvê-las”.

“Garanto que não encontrei nenhuma família a viver em tendas”, frisou Pedro Marques, referindo que visitou vários concelhos afetados pelos incêndios florestais de junho e de outubro de 2017 e falou com várias dezenas de famílias.

No âmbito de uma audição na Comissão de Agricultura e Mar, requerida pelo PCP, sobre as medidas relacionadas com os incêndios florestais de 2017, o deputado comunista João Dias criticou o Governo por “anunciar apoios de milhões” quando “no terreno há centenas de pessoas a viver com dificuldades, em carros, tendas, ‘roulottes’ e casas de amigos”.

Na perspetiva do deputado do PCP, no pacote de medidas anunciadas pelo Executivo para apoiar as famílias e as empresas afetadas pelos incêndios “há muitos projetos duvidosos”, pelo que é necessário “simplificar” os processos para que as ajudas cheguem efetivamente às áreas afetadas.

Já a deputada do PSD Emília Cerqueira disse ter recebido “denúncias de pessoas a viver em ‘roulottes’, tendas e em casas de familiares”.

A social-democrata manifestou ainda preocupação relativamente aos concursos de empreitadas para reconstrução das primeiras habitações afetadas pelos fogos, uma vez que se tratam de “empreitadas de milhões a que as pequenas e médias empresas locais não têm capacidade para participar”.

Em resposta aos deputados, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas afirmou que “os apoios estão mesmo a chegar ao terreno” e “passaram de anúncios a apoios concretos no terreno”.

“Para que as casas possam estar prontas até ao final do ano de 2018, não realizamos uma empreitada, neste momento já realizamos seis empreitadas e teremos outras no terreno. Se tivéssemos feito uma espécie de contratação casa a casa, de certeza absoluta, hoje nem a contratação estaria concluída no fim do ano quanto mais as obras feitas”, advogou Pedro Marques, frisando que “a prioridade é ter casas prontas”.

Apesar de estar autorizado para realizar a contratação direta para estas empreitadas, o Governo optou por realizar uma consulta a três empresas para cada empreitada “e foram consultadas muitas empresas da região” afetada pelos fogos, garantindo a “transparência na contratação”.

Os incêndios que deflagraram na zona de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, em junho do ano passado, provocaram 66 mortos: a contabilização oficial assinalou 64 vítimas mortais, mas houve ainda registo de uma mulher que morreu atropelada ao fugir das chamas e uma outra que estava internada desde então, em Coimbra, e acabou também por morrer. Houve ainda mais de 250 feridos.

Já as centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos de 2017 segundo as autoridades, provocaram 49 mortos e dezenas de feridos. Esta foi a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande.

Tendo em conta outros incêndios durante 2017, registaram-se pelo menos 120 vítimas mortais em fogos de origem florestal.