O protesto pacífico, realizado na praça Velha, no centro da Guarda, integrou, pelas 17:00, um minuto de silêncio em memória das vítimas dos fogos e a organização de uma gigante e simbólica bandeira humana, que ficou registada em fotografia e vídeo por um drone.
Na iniciativa do grupo de cidadãos "Basta! Por Um Futuro Sustentável!" participaram cidadãos anónimos, autarcas e políticos locais.
Hugo Moreira, um dos organizadores, disse à agência Lusa que a manifestação pretendeu homenagear as pessoas que perderam a vida nos incêndios e aquelas que "perderam a vida toda", pois "há muita gente que perdeu a vida toda: as suas fábricas, os seus empregos, os seus animais".
Referiu que o país conheceu "uma grande tragédia" e a jornada hoje realizada pretendeu "mostrar aos políticos que está na hora de se preocuparem com as pessoas" e de procurarem "mudar políticas".
Quem também defende uma mudança de política é Pedro Nobre, deputado municipal na Guarda eleito pelo PSD, ao pedir mais atenção para as regiões do interior do país.
"Há muito que defendo um Ministério para o Interior, dotado de verbas e de poderes para ajudar a desenvolver este interior cada vez mais deserto de pessoas e bens. Definitivamente, o Governo terá que olhar para o interior e privilegiá-lo com medidas futuras", disse à Lusa.
Pedro Nobres esteve na manifestação para demonstrar a sua solidariedade para "com todas as pessoas vítimas dos incêndios, não só com as que perderam a vida, mas com aquelas que perderam os bens resultantes de uma vida de trabalho".
O presidente da Federação Socialista da Guarda, António Saraiva, também participou na iniciativa, prestando "uma singela homenagem a todas as vítimas que pereceram nas tragédias que assolaram o país" e a "todos aqueles que perderam os seus bens, para além dos entes queridos".
O socialista referiu que o Governo já tomou medidas para dizer que "está com o interior", mas defende "medidas mais concretas".
"O Governo terá que pensar a sério em criar uma estrutura específica, uma Secretaria de Estado para o Interior, que tenha uma autonomia e uma política própria para dizer ‘vamos em frente e inverter a espiral de abandono que tem tido o interior'", disse.
Durante a manifestação realizada na Guarda dois dos participantes exibiram cartazes com as mensagens "Por um interior com pessoas e com árvores" e "Natureza! Desculpa, não sei fazer melhor. Falhei".
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões norte e centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.
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