Depois de a tarde e noite de quarta-feira terem sido de sobressalto, com as chamas a atingirem uma grande velocidade em Silves - concelho vizinho de Monchique -, onde foram retiradas mais de 100 pessoas, a situação estava, pelas 10:00 de hoje, mais calma, não existindo frentes ativas, mas alguns "pontos quentes", informou a Proteção Civil, que alertou para a possibilidade de reativações durante a tarde.
Já no ‘briefing’ das 20.00 de hoje, a 2.ª comandante operacional nacional da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, disse que o incêndio estava "globalmente estabilizado", mas “não está dado como dominado” e “está neste momento ainda ativo”, sem a existência de frentes de fogo.
Para a noite de hoje, a expectativa é a de que a temperatura continue a baixar, acompanhada por um aumento da humidade relativa, que "poderá chegar até aos 80%", e de um desagravamento da velocidade do vento, que deverá ser inferior a 15 quilómetros por hora.
Apesar das condições favoráveis, o risco de incêndio para sexta-feira "continua elevado” na região, constatou Patrícia Gaspar, frisando que é necessário ter um "cuidado redobrado com tudo o que vai acontecer durante a noite".
Em termos de vítimas do fogo, a Proteção Civil atualizou para 39 o número de feridos ligeiros resultantes do incêndio de Monchique, dos quais 21 são bombeiros, registando-se ainda um ferido grave.
A responsável da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) revelou, também, que começou hoje a ser preparado a regresso a casa das 299 pessoas deslocadas das suas habitações dos concelhos de Monchique, Portimão e de Silves, operação que decorre conjuntamente com a Segurança Social, a Cruz Vermelha, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e as autarquias.
Durante a manhã de hoje, as mais de 100 pessoas retiradas durante a noite de quarta-feira de mais de uma dezena de localidades em Silves e deslocadas para um pavilhão escolar do concelho, onde pernoitaram, puderam regressar a casa, disse à Lusa a presidente da Câmara, Rosa Palma, criticando a atuação das autoridades da Proteção Civil por ter havido falta de comunicação e coordenação no combate ao incêndio.
O número de casas destruídas total ou parcialmente em Monchique pode chegar a “cerca de 50”, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara, Rui André, referindo que o levantamento ainda está a ser feito para que se possa contabilizar os prejuízos.
Segundo a última atualização do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais (EFFIS), este incêndio já destruiu 26.957 hectares, mais de metade dos 41 mil que o fogo destruiu na mesma região em 2003.
Neste âmbito, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido emitiu um alerta a aconselhar os britânicos a não viajar para as zonas de Portugal afetadas pelos incêndios como o Algarve, o que para o presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Faro, “não é bom" para a região algarvia, sublinhando que “há zonas do Algarve onde isto não está a acontecer".
Na perspetiva do presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Faro, Jorge Botelho, o sistema de proteção civil "verdadeiramente funcionou" no apoio às pessoas afetadas pelo fogo que lavra no Algarve.
A Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve anunciou hoje que já tem equipas preparadas para fazer o levantamento de prejuízos causados nas produções florestais e agrícolas, enquanto o Ministério da Agricultura assegurou que vai disponibilizar alimentação para os animais afetados pelo fogo, aguardando pedidos de apoios dos produtores afetados.
Para a gestão de donativos, que desde o início do incêndio em Monchique chegam de forma massiva aos bombeiros e locais onde pernoitam as pessoas afetadas, nomeadamente o pavilhão Portimão Arena, a Câmara de Portimão está a utilizar o número municipal de Proteção Civil 808 282 112.
Dezenas de voluntários têm percorrido diariamente vários quilómetros pela serra, para assistirem os animais feridos pelo fogo, prestando-lhes a assistência médica necessária à sua recuperação, com o apoio de um hospital de campanha montado numa escola secundária local.
No âmbito dos trabalhos de recuperação da rede de distribuição de energia nas localidades afetadas, o dispositivo operacional da EDP Distribuição em Monchique foi reforçado com equipas de outros locais do Algarve, avançou a empresa, explicando que dada a imprevisibilidade do comportamento do fogo, com reacendimentos e aparecimento de novas frentes, “a previsão sobre a conclusão dos trabalhos ainda é prematura”.
O incêndio que deflagrou na sexta-feira à tarde em Monchique, no distrito de Faro, e que chegou aos concelhos vizinhos de Silves, de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja), estava, pelas 21:15 de hoje, a ser combatido por 1.437 operacionais, auxiliados por 461 meios terrestres e sete meios aéreos, de acordo com informação disponibilizada no ‘site’ oficial da Proteção Civil.
Comentários