“Nas prioridades menos graves, em que os doentes não vão acompanhados de viatura médica, vão só com ambulâncias, o volume de serviço ao nível do país – estamos a falar de 3.000 a 4.000 chamadas por dia – é impossível estar a avisar todas as ambulâncias que vão para todos os sítios”, disse à Lusa António Táboas, responsável dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM.
O responsável falava depois de hoje à tarde a diretora das urgências do Hospital de Santa Maria (Lisboa) ter admitido que a unidade hospitalar está “sobrelotada” há alguns dias e não tem “qualquer controlo” sobre os doentes que lhe são enviados, porque não é feito nenhum contacto com os médicos e chegam às urgências sem serem referenciados.
Em declarações à Lusa, o responsável do INEM explicou: “Avisamos nos doentes mais graves, como os politraumatizados de um acidente, por exemplo, e no caso das vias verdes AVC e coronária. Os menos graves não é procedimento o aviso da chegada de doente a cada hospital”.
António Táboas sublinha que “o volume de chamadas torna impossível esse aviso nos casos menos graves” e frisou que, no caso do Hospital de Santa Maria, “as ambulâncias que lá estão não são só unicamente as acionadas pelo CODU”.
Explicou que nas situações mais graves (como é o caso de doentes que ficariam classificados no sistema de triagem de Manchester com a gravidade máxima (vermelha) e nalguns casos de classificação laranja (o segundo grau de gravidade) “o INEM envia informação pelos meios digitalizados para os hospitais, com informação clínica dos doentes”.
“Mas, neste momento, nem todos os meios têm este registo informático, só o INEM e algumas ambulâncias dos bombeiros e da Cruz Vermelha”, acrescentou.
Contudo, afirmou, mesmo os doentes considerados menos graves do que os doentes emergentes (gravidade máxima) “não deixam de ter necessidade de recorrer ao hospital”.
O responsável disse ainda as orientações que o INEM recebeu da Administração Regional de Saúde (ARS) “são no sentido de cada hospital ficar com a sua referenciação”, mas realçou que a ARS, no âmbito do constrangimento que aconteceu no Amadora-Sintra esta semana com a rede de oxigénio medicinal, “deu indicação para que os doentes de área de influência deste hospital deveriam ir todos para Santa Maria”.
“Não podemos estar a contrariar as indicações da ARS, até porque os outros hospitais podem estar aparentemente com menos filas de ambulâncias, mas o número de doentes que têm também é significativo”, acrescentou.
António Táboas disse ainda que o volume de chamadas que o INEM tem recebido baixou na segunda quinzena de janeiro, passando de uma média de 4.100/dia para valores médios diários na ordem dos 3.600 a 3.800.
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