“A democracia portuguesa sofreu um forte ataque em todo este processo”, sustentou Rui Rocha, em declarações aos jornalistas, durante um contacto com os utentes do Metropolitano de Lisboa na estação do Cais do Sodré, ao comentar as audições de Frederico Pinheiro, o adjunto demitido por telefone pelo ministro das Infraestruturas, e da chefe de gabinete de João Galamba, Eugénia Correia, na quarta-feira na comissão de inquérito à TAP.
Para o líder liberal, “o SIS não existe para proteger segredo ou informação comercial, o SIS existe para proteger informação de Estado. A informação da TAP, por muito relevante que seja, não é informação de Estado”, defendeu, concluindo que “o coração da democracia, que tem a ver com os serviços de informações, está completamente posto em causa” com a atuação da “secreta”.
Comentando as audições de quarta-feira na comissão de inquérito à TAP, Rui Rocha apontou um “cenário de absoluta degradação das condições institucionais, nomeadamente no Ministério da Infraestruturas” com “falta de sentido de Estado e de responsabilidade”.
“Para chegar a esta conclusão não é sequer necessário acreditar na versão de Frederico Pinheiro”, declarou, considerando que também a audição da chefe de gabinete deixou entender “três ou quatro coisas que são evidentes: sempre que a situação envolvia algum embaraço para o ministério ou para o ministro João Galamba, a versão é… não se pode acreditar naquilo”.
Rui Rocha afirmou que “João Galamba despediu o seu adjunto no carro, mas a senhora chefe de gabinete estava ao lado dele, não sabe, não ouviu, não estava atenta àquilo que disse”.
“As câmaras de videovigilância existem no Ministério das Infraestruturas, mas no quarto piso, onde se terão passado as cenas de violência, não funcionaram”, continuou.
“Nada do que acontece que possa pôr em causa o Ministério das Infraestruturas aparece numa versão limpa: não sabe, não estava atenta, as câmaras desligaram-se, o telemóvel foi objeto de intervenção e apagou-se tudo…”, resumiu.
Outra das “situações absolutamente inadmissíveis” prende-se com aquilo a que chamou “um sequestro no Ministério das Infraestruturas”, argumentou o presidente dos liberais, afirmando que nem é preciso acreditar na versão de Frederico Pinheiro.
Rui Rocha concluiu que “Portugal não tem condições para que João Galamba continue” – “um ministro que demite um adjunto ameaçando que lhe dá dois socos, o que é isto?” -, mas apontou também baterias ao chefe do executivo, António Costa.
“Os secretários de Estado mudam, os ministros mudam, mas o primeiro-ministro é o mesmo. Este primeiro-ministro está completamente derrotado pelas circunstâncias, não tem nada para oferecer ao país”, insistiu, concluindo: “Do ponto de vista institucional, António Costa não tem nada para dar ao país, está completamente esgotado na sua credibilidade”.
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