Um documento de 2011 da Caixa em resposta a uma inspeção do Banco de Portugal (BdP), lido pelo deputado do CDS-PP João Almeida, considera que "o penhor de 40% dos títulos da Associação [Coleção Berardo] e que o aval de José Berardo até 39 milhões de euros é suficiente".
Mais tarde, o deputado centrista referiu um crédito de 2009 à Metalgest, empresa do universo do empresário Joe Berardo, no valor de um milhão de euros, que, de acordo com uma conclusão da mesma inspeção do BdP, lida pelo deputado, foi concedido "a pedido do BCP na perspetiva de contribuir para uma solução conjunta", para que "a Metalgest conseguisse chegar a um acordo para realizar as suas dívidas junto do banco Santander".
O deputado perguntou então a Pedro Duarte Neves se foram retiradas conclusões da inspeção ao nível da avaliação de idoneidade de quem teve responsabilidades nas instituições.
"Concluindo o relatório que a um devedor que já estava numa situação difícil em 2009 é concedido um crédito de um milhão de euros para que ele regularizasse a situação numa instituição financeira terceira, a pedido de uma outra instituição financeira que era presidida por quem na CGD tinha dado os primeiros créditos a este cliente [Carlos Santos Ferreira], para comprar ações dessa mesma instituição financeira", João Almeida perguntou se o Banco de Portugal não fez nenhuma avaliação de idoneidade ou de conflito de interesses.
Pedro Duarte Neves respondeu que, "em termos de idoneidade, não foi retirada nenhuma conclusão", que não conseguia "discutir o racional da operação" e que "seguramente a Caixa ponderou essa operação".
O anterior responsável do Banco de Portugal adiantou que o exemplo dado pelo deputado centrista "valoriza mais a ação concreta" do regulador que, na inspeção de 2011, foi "mais longe do que foram os critérios de valorização" da CGD relativamente às imparidades constituídas.
Pedro Duarte Neves foi sucessivamente questionado pelos deputados de todas as bancadas parlamentares por que motivo o BdP não fez a inspeção mais cedo, tendo repetido por várias vezes que as conclusões em 2011 seriam diferentes das de uma eventual inspeção feita em anos anteriores, mas que o regulador "não esteve parado".
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