Na terça-feira, Filipe Pinhal tiha dito que tanto Paulo Macedo como Miguel Maya, membros da sua lista para a administração do BCP, lhe tinham dito na manhã de 03 de dezembro de 2007 que para ter sucesso a lista teria de incluir Armando Vara e Carlos Santos Ferreira.
“Ouvi dizer isso, mas tenho boa opinião do senhor e acho que ele se enganou nas datas. Era impossível o senhor ter dito que aconteceu nesse dia”, afirmou Armando Vara, acrescentando que “não sabia de nada”.
Armando Vara disse que foi convidado por Carlos Santos Ferreira em 2007, “no final de 2007″.
“No início ou no fim [do mês de dezembro]?”, perguntou Virgílio Macedo, ao que Vara respondeu “talvez no meio”.
Vara diz ainda que “à data que ele [Filipe Pinhal] diz que estavam a acontecer certas coisas, não estavam”.
Sobre a passagem da Caixa para o BCP, o deputado do PSD Virgílio Macedo disse que Vara não podia “fazer crer que a passagem da Caixa para o BCP não teve contexto político”, e que o ex-ministro se referia a José Sócrates como “chefe”.
Virgílio Macedo afirmou ainda que Armando Vara “era um dos rostos de um assalto ao BCP, para favorecer negócios de amigos, em que o controlo da CGD e do BCP também estava incluído”, e de que não conseguiria “convencer os portugueses” de que não era “um emissário político do PS”.
“Senhor deputado, o que é que eu hei de dizer para o convencer? Acha que os portugueses – ainda bem que falou dos portugueses – lembram-se do resultado das últimas eleições, certamente”, respondeu Armando Vara.
O ex-administrador da CGD disse ainda que o tema de concessão de crédito para ações “não era um tema que repugnava os bancos”, que o faziam “com muita facilidade”.
No entanto, mais tarde, Vara disse que “ninguém tomava decisões de ânimo leve”.
“Se nós tivéssemos imaginado que algum daqueles créditos não iria ser honrado, não os tínhamos concedido. O que aconteceu é que houve uma crise na finança internacional a que Portugal não podia ficar imune”, acrescentou.
“Toda a economia, empresas, operações alavancadas em crédito bancário faliram, porque os colaterais desvalorizaram e não era possível reforçar os colaterais, as empresas foram executadas”, defendeu Armando Vara.
O ex-administrador da CGD, que atualmente cumpre prisão em Évora por tráfico de influência no âmbito do processo Face Oculta, considerou que na década passada era “normal, mais em uns sítios do que noutros” conceder crédito sem que o mutuário tivesse capitais próprios adequados.
“Na altura operações dessas eram o pão nosso de cada dia na banca”, declarou Armando Vara.
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