“Foi decidido dois dias de greve que serão implementados em conjunto com os sindicatos dos outros funcionários da PJ e que, no limite máximo, poderão incapacitar a polícia durante cerca de 15 dias”, disse à agência Lusa o presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC), Ricardo Valadas.

A paralisação de dois dias foi decidida na assembleia-geral da ASFIC, realizada na quinta-feira, de onde também saiu a realização de uma greve ao trabalho extraordinário durante um mês.

“Durante um mês a investigação criminal só vai trabalhar das 09:00 às 17:00. Todo o trabalho suplementar não se irá realizar”, disse Ricardo Valadas, explicando que esta greve será em janeiro, mas que ainda não há uma data precisa para o seu início.

O presidente do sindicato que representa os inspetores da PJ adiantou que os dois dias da greve a realizar em janeiro ainda não estão decididos, estando as datas a ser acertadas com os sindicatos que representam os restantes funcionários da Polícia Judiciária, designadamente os dos administrativos e da segurança.

“Dois dias de greve por cada sindicato vão parar a PJ, porque nenhuma das estruturas funciona sozinha. Estão todas interligadas e dependentes umas das outras”, afirmou.

Ricardo Valadas frisou que o motivo principal destas greves é a revisão do estatuto profissional, mas também a contagem do tempo em que as carreiras estiveram congeladas, uma vez que os investigadores da PJ têm uma carreira especial, como os professores.

Os inspetores da PJ protestam também contra a falta de efetivo e de investimento na estrutura da PJ.

Segundo Ricardo Valadas, o quadro da PJ está envelhecido, sendo a média de idades dos inspetores de 49 anos.

“Reiteradamente fala-se no investimento do combate à corrupção, mas as pessoas que trabalham nestas áreas e trabalham na própria estrutura da polícia são cada vez menos”, sustentou.

O sindicalista salientou que, durante três anos, realizaram-se negociações com tutela e nada foi feito, tendo-se “esgotado tudo o que havia para esgotar em termos de negociação”.

O presidente do sindicato que representa os inspetores da PJ admitiu ainda novas ações de luta no próximo ano em conjunto com outras estruturas das forças e serviços de segurança com problemas idênticos.