"O estudo demonstrou de que forma a limpeza de colesterol em excesso presente no cérebro pode ter impacto na terapia de ataxias espinocerebelosas, como a doença de Machado-Joseph", refere uma nota da Universidade de Coimbra.

O trabalho foi financiado pela Comissão Europeia (programa JPND co-fund), pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), pelo COMPETE 2020, pela Fundação pela Ciência e Tecnologia (FCT), pelo NeuroATRIS, pelo Fundo de Investigação para a Doença de Machado-Joseph de Richard Chin e Lily Lock, pela Fundação Nacional de Ataxias e pela Fundação para a Investigação Médica de França.

Luís Pereira de Almeida, investigador do CNC-UC e docente da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, liderou a investigação a par com Nathalie Cartier (do Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale, de França) e Sandro Alves (Institut du Cerveau et de la Moelle Epinière, também de França).

No estudo, publicado na revista científica Acta Neuropathologica, a equipa de investigação avaliou o papel da proteína CYP46A1 (responsável pelo processo de transformação do colesterol em excesso, denominado de hidroxilação) na ataxia espinocerebelosa do tipo 3 - enfermidade hereditária, conhecida como doença de Machado-Joseph (DMJ), que é causada pela acumulação da proteína ataxina-3 mutante.

"Quando a função da proteína CYP46A1 se encontra diminuída, isso leva à acumulação excessiva de colesterol (uma molécula determinante na transmissão de mensagens entre neurónios), situação associada ao aparecimento de doenças neurodegenerativas. Por isso, o estudo procurou avaliar se o excesso de colesterol no cérebro poderá estar relacionado com a acumulação de ataxina 3 mutante, causadora da DMJ", explica a Universidade.

O próximo passo da equipa de investigação será tentar perceber melhor como é que a limpeza do colesterol em excesso e a autofagia se relacionam com a acumulação de ataxina-3 mutante.

"A compreensão destes processos poderá ter um grande impacto clínico em várias doenças neurodegenerativas. Poderemos ter uma estratégia terapêutica mais geral, que - se não puder curar - possa pelo menos aliviar estas doenças, recorrendo a processos mais simples e económicos [do que as estratégias direcionadas para os genes causadores de doenças do cérebro], conclui Luís Pereira de Almeida.

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