As células, segundo a investigação, são formadas sempre que existe produção de anticorpos. Aumentam transitoriamente após uma vacina mas estão sempre em grande quantidade em pessoas com síndrome de Sjögren, uma doença crónica inflamatória autoimune.
Doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunitário em vez de proteger o corpo humano de agressões exteriores, produz anticorpos para atacar e destruir órgãos e estruturas que fazem naturalmente parte do organismo.
A equipa de investigadores, liderada por Luís Graça, descobriu que as células T reguladoras foliculares são um marcador de respostas imunitárias mas não são um indicador direto da capacidade de produção de anticorpos, como se explica nos resultados da investigação hoje publicados na revista Science Immunology.
Em declarações à Lusa Luís Graça explicou que o trabalho permitiu identificar uma diferença entre as células T reguladoras foliculares que estão no sangue e as que estão em determinados tecidos, no sangue são imaturas e não cumprem a função de regulação e nos tecidos estão completamente formadas.
No sangue de uma pessoa com uma doença autoimune pode haver excesso de células imaturas, que indicam a existência da doença mas que não regulam a produção de anticorpos. Luís Graça ainda não tem uma explicação para tal, para a existência de tantas células ou para o facto de serem imaturas. “Será que nos tecidos não conseguem maturar?”, questiona.
Luís Graça explicou que com a colaboração do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e de centros de saúde, foi possível comparar o que se passava no sangue mas ao mesmo tempo em tecidos, como nas amígdalas de crianças operadas no hospital.
E foi então que verificaram, contou à Lusa, a diferença entre as células imaturas no sangue e as completamente formadas nos tecidos (amígdalas, gânglios linfáticos, glândula timo e sangue do cordão umbilical). E perceberam que uma pessoa com muitas células T reguladoras não consegue necessariamente impedir a produção de anticorpos anómalos, porque só as células dos tecidos é que o conseguem fazer.
“O grupo está agora a investigar o que acontece a estas células em outras doenças autoimunes com o intuito de avaliar o seu potencial não só para diagnóstico, mas também para identificar quais os doentes que podem beneficiar de medicamentos que interferem com a produção de anticorpos prejudiciais”, diz-se num documento do IMM, um dos principais institutos de investigação em Portugal.
Luís Graça diz que há sempre na imprensa a valorização do desenvolvimento de novas terapias mas contrapõe que a investigação, como aquela em que está envolvido, pode ser mais centrada no desenvolvimento de formas de diagnóstico.
Hoje há medicamentos muito eficazes para doenças mas que não funcionam num terço dos doentes, diz o investigador.
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