Teerão “reverterá imediatamente” as suas medidas de retaliação se os Estados Unidos “levantarem sem condições todas as sanções impostas, reimpostas ou renomeadas por Trump”, escreveu numa mensagem na rede social Twitter o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif.
O ministro enfatizou que o Irão concordou com a decisão do Governo Biden de reverter a alegação, amplamente desacreditada, do seu predecessor, de que a ONU havia imposto novas sanções relacionadas ao programa nuclear de Teerão.
As mensagens de Zarif surgem um dia após uma reunião virtual dos ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.
No final desta reunião, Washington anunciou que havia aceitado um convite da União Europeia (UE) para travar conversações com Teerão no sentido de reativar o acordo de 2015, que foi minado por Donald Trump.
Essas discussões vão reunir os países que celebraram o acordo em 2015 (Irão, Estados Unidos, Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia) e permitirão “discutir a melhor forma de avançar no que diz respeito ao programa nuclear iraniano”, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
Um pouco antes, os ministros franceses Jean-Yves Le Drian, o alemão Heiko Maas, o britânico Dominic Raab e o norte-americano Antony Blinken haviam declarado em comunicado, após a videoconferência, o objetivo de “ver o Irão voltar ao pleno respeito dos seus compromissos” assumidos em 2015, com o objetivo de “preservar o regime de não proliferação nuclear e garantir que o Irão jamais adquira uma arma nuclear”.
O Governo de Joe Biden também anulou uma proclamação unilateral de setembro de Donald Trump sobre o retorno às sanções internacionais contra o Irão, numa carta ao Conselho de Segurança da ONU.
Estas sanções, “levantadas pela resolução 2231 da ONU” que ratifica o acordo de 2015, “continuam levantadas”, referiu esta carta obtida pela agência de notícias AFP.
O Departamento de Estado também anunciou a flexibilização das restrições de viagem para Nova Iorque para diplomatas iranianos na ONU, limitadas sob o governo Trump. Em particular, as restrições exigiam que os diplomatas fossem confinados a algumas ruas em redor da sede da ONU.
Assim, o Irão voltará a uma situação anterior, também imposta a Cuba e à Coreia do Norte, que permite que os seus diplomatas circulem livremente em Nova Iorque e arredores.
A reunião EUA-UE e as ações de Washington ocorreram no momento em que o Irão planeia restringir o acesso de inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) a instalações não nucleares, incluindo a partir de domingo, locais militares suspeitos de atividade nuclear.
Teerão ameaçou romper com os novos compromissos assumidos no acordo de 2015, a menos que os Estados Unidos retirassem as sanções unilaterais impostas desde 2018 que estão a prejudicar a economia iraniana.
A Europa e os Estados Unidos apelaram a Teerão para que avalie “as consequências de uma medida tão séria, em particular neste momento de oportunidade para um regresso à diplomacia”.
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