Leia aqui a carta publicada pela Time, traduzida na íntegra:

"Malia e Sasha, há oito anos no dia frio de novembro, recebemo-vos nos degraus da Casa Branca. Vimos a luz e a desconfiança nos vossos olhos, à medida que iam conhecendo a vossa nova casa. Deixámos bem cedo os nossos empregos em Baltimore e Nova Iorque e viajámos para Washington para vos mostrarmos 'os cantos à casa'.  Para vos mostrarmos o Lincoln Bedroom e os quartos que em tempos foram nossos, para vos apresentarmos a todas as pessoas — as floristas, os jardineiros e os mordomos — que se dedicam a fazer dessa casa histórica um lar. Nós as quatro vagueámos pelos majestosos corredores da casa para a qual tiveram de mudar-se. Quando deslizaram pelo corrimão do terraço, tal como nós quando tínhamos 8 anos e, depois, com 20 anos, a perseguir a nossa juventude, a vossa alegria e risadas foram contagiantes.

Em 8 anos, conseguiram fazer tanta coisa. Ver tanta coisa. Estiveram à porta da cela da Robben Island onde o sul-africano Nelson Mandela esteve preso durante décadas, de braços à volta do vosso pai. Viajaram para a Libéria e para Marrocos com a vossa mãe para falarem com meninas acerca da importância da educação — meninas que se reviam em vocês, nos vossos pais, que viam em quem se poderiam tornar se continuassem a estudar e a aprender. Estiveram em jantares de Estado, fizeram caminhadas em parques nacionais, conheceram líderes internacionais e riram das piadas do vosso pai durante o tradicional 'perdão do peru' no Dia de Ação de Graças, tudo enquanto crianças, que vão à escola e fazem amigos. Vimo-vos crescer de meninas a impressionantes jovens mulheres, com elegância e facilidade.

E durante todo este tempo, tiveram-se uma à outra. Tal como nós.

Agora estão prestes a juntar-se a outro 'clube raro', o das antigas 'Primeiras Filhas' — uma posição que não procuraram e sem linhas orientadoras. Mas há tanto que vos espera. Vão escrever a histórias das vossas vidas, para além das sombras dos vossos pais famosos, apesar de carregarem sempre convosco as experiências dos últimos 8 anos.

Nunca se esqueçam das pessoas maravilhosas que trabalham na Casa Branca. A pessoa que nos deu as boas-vindas, enquanto meninas de 7 anos, na tomada de posse do nosso avô [George H.W. Bush, em 1989], chamava-se Nancy, era florista da Casa Branca, e abrigou-nos do frio dentro de casa. Ajudou-nos a fazer bouquets  de flores invernais para a mesa-de-cabeceira dos nossos avós. Vinte anos depois, a Nancy fez os arranjos de flores para o casamento da Jenna. Estimem a vossa própria 'Nancy'. Nós mantivemos contacto com os nossos agentes dos serviços secretos. Eles foram parte do nosso processo de crescimento: estavam lá nos primeiros encontros, nos primeiros dias e até num noivado e numa lua-de-mel. Sabemos que nem sempre foi fácil — vocês eram como nós, duas teenagers seguidas por homens com mochilas — mas eles colocam as suas vidas em pausa por nós.

Aproveitem a vossa universidade. Como a maior parte do mundo sabe, nós fizemo-lo. E não terão mais o peso do mundo nos vossos ombros. Explorem as vossas paixões. Aprendam a saber quem são. Cometam erros — podem fazê-lo. Continuem a rodear-se de amigos leais que vos conhecem, adoram e que vos protegem ferozmente. Aqueles que vos julgam não vos amam, e as suas vozes não deveriam pesar-vos. Em vez disso, são os vossos corações que importam.

Peguem em tudo o que viram, nas pessoas que conheceram, nas lições que aprenderam, e deixem-nas guiar-vos de forma a fazer uma mudança positiva. Não temos dúvidas que o farão. Viajar com os nossos pais ensinou-nos mais do que qualquer sala de aula. Abriu-nos os olhos a novas pessoas, bem como a novas culturas e ideias. Conhecemos operários fabris no Michigan, professores na California, médicos que tratam pessoas na fronteira birmanesa, crianças que se alinharam nas empoeiradas ruas de Kampala [no Uganda] para conhecer o presidente americano, e crianças com HIV à espera de medicamentos antirretrovirais que poderiam salvar-lhes a vida. Uma frágil menina a usar o seu melhor vestido de alfazema parecia mais nova, apesar de não o ser. Era frágil porque estava doente. A sua mãe admitiu que poderia não viver o suficiente para que os medicamentos fizessem efeito, mas os seus irmãos e irmãs sim. Depois de conhecer esta menina, a Barbara voltou à escola e mudou o seu 'major' e o seu percurso de vida.

Viveram debaixo da pressão inacreditável da Casa Branca. Ouviram críticas duras aos vossos pais por parte de pessoas que nunca os conheceram. Estiveram ao lado dos vossos queridos pais enquanto eles eram reduzidos a manchetes. Os vossos pais, que vos puseram em primeiro lugar e que não só vos mostraram o mundo, como também vos deram esse mesmo mundo. Como sempre, eles estarão a torcer por vocês agora que começam um novo capítulo [das vossas vidas]. E nós também."