Em simultâneo, o chefe da polícia apresentou hoje as conclusões de sua investigação ao ministro da Segurança Pública, sem mencionar publicamente o facto de as forças de segurança poderem ter atuado de forma incorreta no enterro, quando foram difundidas por diversos ‘media’ as imagens de agentes a agredirem à bastonada quem transportava o caixão.
O funeral de Shireen Abu Akleh, uma jornalista da estação televisiva Al Jazeera abatida na cabeça em 11 de maio por um disparo de precisão quando efetuava uma reportagem em Jenin, na Cisjordânia ocupada, no decurso de uma incursão militar israelita, foi o acontecimento mais massivo em Jerusalém leste nas últimas décadas.
O comissariado da polícia admitiu que o funeral foi “complexo”, assegurou “ser impossível permanecer indiferente face às duras imagens” divulgadas e acrescentou que “investigará o comportamento” das forças policiais presentes, “para extrair lições e melhorar os procedimentos operativos em acidentes similares”.
De acordo com diversos ‘media’, o conteúdo da investigação não foi divulgado publicamente, e quando foi hoje apresentado o relatório a polícia tinha já encerrado o processo sem adotar medidas contra qualquer agente presente no local e envolvido nas agressões.
O ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros condenou a decisão de “não responsabilizar a polícia israelita que participou no ataque ao funeral”, e assegurou que esta estratégia se destina a “encobrir o crime, melhorar a imagem da polícia, proteger os seus membros e evitar as pressões norte-americanas e internacionais” para elaborar uma investigação imparcial.
O assassinato de Shireen Abu Akleh motivou uma forte reação no mundo árabe e em diversas capitais dos quatro continentes, com a indignação a aumentar quando as forças israelitas lançaram granadas lacrimogéneas e carregaram sobre os homens que transportavam o caixão.
Na semana passada, a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) entregou no Tribunal Penal Internacional (TPI) o resultado das suas investigações sobre a morte da jornalista de origem palestiniana e norte-americana, de 51 anos, e muito respeitada pelo seu trabalho nos territórios ocupados por Israel.
Segundo o procurador palestiniano, foi “deliberadamente” assassinada por soldados israelitas, que a atingiram na face, apesar de estar perfeitamente como jornalista e transportar colete à prova de bala e capacete.
Israel continua a argumentar não possuir “informação concludente” para estabelecer quem a matou.
As autoridades israelitas solicitaram uma investigação conjunta com a ANP, que recusou e decidiu prosseguir com um inquérito próprio.
Diversas entidades internacionais têm pedido um inquérito independente para esclarecer os factos.
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