“Se houver provocações, haverá uma reação das mais duras como a semana passada. Não temos a intenção de alterar as instruções de tiro, mantemos a mesma linha”, advertiu o ministro da Defesa israelita, Avigdor Lieberman, em declarações à rádio pública.

Lieberman referia-se ao modo como o exército israelita tem lidado com os protestos na faixa de Gaza junto à barreira de segurança com Israel, iniciados na passada sexta-feira e que já causaram 20 mortos palestinianos e mais de 1.400 feridos, 757 com tiros de balas reais, segundo o Ministério da Saúde em Gaza.

A B’Tselem lançou hoje uma campanha apelando aos soldados israelitas para não dispararem contra palestinianos não armados nas manifestações previstas para sexta-feira.

“Soldado, as instruções de tiro suscetíveis de provocar a morte de civis que não representam perigo para a vida humana são ilegais”, indicou a ONG, que publicou folhetos nos jornais com o título: “Lamento comandante, eu não disparo”.

A ONU e a União Europeia também criticaram a reação israelita aos protestos dos palestinianos, tendo pedido um “inquérito independente” à utilização por Israel de balas reais.

O ministro da Defesa israelita já tinha alertado que os palestinianos que se aproximem da fronteira colocam “a sua vida em risco”.

“Não estamos a lidar com uma manifestação, mas com uma operação terrorista. Praticamente todos os que participam recebem um salário do Hamas ou da Jihad Islâmica (movimentos radicais palestinianos)”, disse Lieberman, que qualificou de “quinta coluna (…) e mercenários” os dirigentes da B’Tselem.

Em Gaza, estão a ser preparadas hoje as manifestações de sexta-feira, inseridas na “marcha do retorno”, que visa exigir o “direito ao retorno” dos palestinianos, dos quais cerca de 700.000 foram expulsos das suas terras ou fugiram durante a guerra que se seguiu à criação de Israel em 1948.

Centenas de pneus foram recolhidos pelos palestinianos, que pretendem incendiá-los para que o fume bloqueie a visão dos atiradores israelitas colocados ao longo da fronteira do enclave.

A passada sexta-feira foi o dia mais sangrento na faixa de Gaza desde a guerra em 2014 entre o movimento islâmico Hamas, que governa o território, e Israel.

Milhares de manifestantes são esperados de novo na sexta-feira nas cinco zonas de concentração junto à fronteira, estando o fim dos protestos marcado para 15 de maio, o aniversário da criação de Israel, designado pelos palestinianos como ‘Nakba’ (catástrofe).

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