A Comissão Liquidatária do Banco Privado Português foi criada há 12 anos e já custou mais de 50 milhões de euros. Apesar disso, não tem uma lista atualizada dos pagamentos até hoje efetuados aos credores. Agora, os lesados do BPP querem a sua destituição.
Mas há mais: a Comissão de Credores, presidida pelo Estado, que tem a obrigação de fiscalizar e pedir contas, não está a fazer o seu trabalho, acusa Jaime Antunes. "Como o Estado já recebeu o seu dinheiro, a comissão não tem incentivo para fiscalizar o que quer que seja".
Por isso, a Liminorke, o maior credor da massa insolvente, "já pediu ao advogado para avançar com um requerimento para haver uma recomposição da Comissão de Credores", de forma a representar os interesses de quem, facto, tem dinheiro a receber.
Jaime Antunes conta que "o Estado retirou dos clientes portugueses os ativos que lhes pertenciam" e pô-los a pagar um risco que era seu. Além disso, e "de acordo com as regras, os 450 milhões [garantia/empréstimo do Estado] só podiam ter sido concedidos no pressuposto da viabilização do banco", o que não aconteceu. "Os 450 milhões serviram para pagar aos clientes estrangeiros" - que se dividiam em três grandes grupos: "espanhóis, venezuelanos e sul-africanos" -, quebrando a hierarquia de pagamentos definida na lei.
Para Jaime Antunes não há dúvidas de que a falência do BPP é um caso político: "O governo do PS e de José Sócrates não quis enfrentar a acusação de ter salvado o banco dos ricos com um empréstimo de 750 milhões de euros", nas eleições legislativas de setembro 2009, depois da corrida aos depósitos que deixou o banco com dificuldades de tesouraria.
A história da ascensão e queda do banco liderado por João Rendeiro, "um banqueiro desalinhado", contada por quem seguiu e continua a seguir o caso de perto.
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