Entre as crescentes tensões com a China, a Coreia do Norte e a Rússia, a parceria é a primeira relacionada com a segurança que a UE conclui com um país do Indo-Pacífico, vincaram aos jornalistas o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Takeshi Iwaya, e o chefe da política externa da UE, Josep Borrell.

“Vivemos num mundo muito perigoso. Vivemos num mundo de rivalidades crescentes, de acidentes climáticos e de ameaças de guerra. E só há um antídoto para este mundo desafiante, que é a parceria entre amigos. Trata-se de um passo histórico e muito oportuno, tendo em conta a situação nas nossas duas regiões”, disse Borrell.

O alto-representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança encontra-se em Tóquio no âmbito de uma viagem pela Ásia Oriental, que inclui a Coreia do Sul, onde também manterá um diálogo estratégico, sublinhando o crescente envolvimento da UE na região do Indo-Pacífico, à medida que Pequim e Moscovo intensificam as atividades militares conjuntas e a Coreia do Norte envia tropas para a Rússia.

As conversações tiveram lugar um dia depois de a Coreia do Norte ter testado o que se pensa ser um novo tipo de míssil balístico da classe ICBM (intercontinental).

Segundo um comunicado da UE, Borrell e Iwaya também partilharam “grande preocupação” com o aprofundamento da cooperação militar entre Moscovo e Pyongyang, incluindo o envio de tropas norte-coreanas para a Rússia e a transferência de armas entre os dois países.

Os dois funcionários reiteraram o empenhamento em apoiar a Ucrânia e condenaram a agressão russa.

O Japão, no âmbito de uma nova estratégia de segurança aprovada em 2022, tem vindo a acelerar rapidamente a construção militar através da aliança com os Estados Unidos, o único aliado no tratado, e outros parceiros, incluindo a Austrália, o Reino Unido e vários países europeus e do Indo-Pacífico, para dissuadir uma China cada vez mais assertiva.

Tóquio também flexibilizou significativamente a sua proibição voluntária de exportação de armas, procurando expandir a sua indústria de defesa e desempenhar um papel mais importante a nível mundial. O Japão está a desenvolver em conjunto com o Reino Unido e a Itália um avião de combate da próxima geração.

Segundo uma declaração conjunta, e no âmbito da nova parceria, o Japão e a UE afirmaram que a Europa e a região do Indo-Pacífico estão “altamente interligadas e interdependentes” e concordaram em manter um diálogo regular de segurança e defesa a nível de trabalho e exercícios navais conjuntos, incluindo outros países.

As duas partes afirmaram que irão também cooperar no domínio da cibersegurança e da defesa espacial, bem como estudar um pacto de partilha de informações, promover o intercâmbio de informações sobre a indústria da defesa e cooperar nos esforços de desarmamento nuclear.

Iwaya afirmou que as relações entre o Japão e a UE “estão mais fortes do que nunca” e que as duas partes “continuarão a cooperar estreitamente numa vasta gama de domínios, incluindo a segurança”.

Também hoje, Borrell reuniu-se com o ministro da Defesa japonês, Gen Nakatani, e partilharam a opinião de que a segurança na Europa e no Indo-Pacífico está interligada, tendo concordado em aprofundar a cooperação em matéria de defesa.

Num comunicado, o Ministério da Defesa japonês salientou que os dois responsáveis manifestaram grande preocupação com o programa de desenvolvimento de mísseis da Coreia do Norte e a sua crescente cooperação militar com a Rússia, afirmando que constituem desafios significativos para a comunidade internacional.

“Reafirmámos a necessidade de reforçar a cooperação entre a UE e o Japão em matéria de segurança e defesa, nomeadamente no que se refere à segurança marítima e às ameaças cibernéticas e híbridas, num contexto de desafios crescentes em matéria de segurança regional e mundial”, afirmou Borrell na rede social X (ex-Twitter).