Shizue Takahashi, de 71 anos, coloca uma coroa de flores junto à estação de metro de Kasumigaseki, na cidade de Tóquio. Quinta-feira farão 23 anos desde que Kazumasa, sua mulher, e outras 12 pessoas morreram num ataque levado a cabo pelo grupo apocalíptico Aum Shinrikyo com gás sarin.

Recentemente, foi notado pelos media japoneses que vários membros do culto responsável pelo ataque, que se encontravam detidos, foram transferidos dos estabelecimentos em que se encontravam para outras prisões fora de Tóquio. Estas informações têm alimentado a especulação de que os 13 membros desse culto apocalíptico serão executados em breve.

Normalmente, escreve o The Guardian, no Japão não são executadas pessoas até que todos os casos sejam finalizados. Algo que aconteceu em janeiro deste ano.

Se os 13 membros do Aum Shinrikyo forem executados estaremos na presença do maior enforcamento da última década no Japão, depois de em 2008 o país ter executado 15 pessoas, o maior número num único ano na história recente do país.

Até ao momento não se sabe se os membros do culto serão mortos no mesmo dia, mas, por norma, no Japão as execuções são planejadas e agendadas em total segredo até ao dia final. Existem relatos de casos anteriores em que os presos passaram anos no corredor da morte apenas para serem informados sobre a sua morte a poucas horas da execução. Outros casos relatam vezes em que as famílias são informadas apenas após o enforcamento ter ocorrido.

A Amnistia Internacional já se pronunciou sobre o caso, considerando que se as execuções forem levadas a cabo nos próximos meses será uma tentativa “cínica” de afastar estas notícias da coroação do novo imperador em 2019 e dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.

“A marca de uma sociedade civilizada é reconhecida pelos direitos de todos os indivíduos, até daqueles responsáveis por crimes hediondos” afirmou Hiroka Shoji, porta-voz da Amnistia Internacional.

A 20 de março de 1995 os membros do grupo entraram no metro de Tóquio com guarda-chuvas com pontas afiadas e perfuraram vários sacos cheios de sarin líquido, em cinco carruagens durante a hora de ponta da manhã de Tóquio.

Treze pessoas foram condenadas à morte por crimes perpetuados pelo grupo violento Aum Shinrikyo, incluindo o ataque no metropolitano. Sete foram transferidos nas últimas semanas para prisões fora de Tóquio, mas Shoko Asahara, líder do culto, de 63 anos, também condenado à morte, não foi transferido.

A Sociedade Japonesa para a Prevenção e Recuperação do Culto escreveu ao ministro da justiça japonês afirmando que todos, menos Asahara, sejam condenadas a prisão perpétua e que não sofram pena de morte.

“Asahara era o cérebro e os outros 12 apenas carneiros”, disse Taro Takimoto da organização.

Recentemente o Japão foi desafiado pela ONU a abolir a pena de morte, mas o governo nipónico respondeu afirmando que “a maioria dos japoneses considera a pena de morte inviolável no caso de crimes extremamente hediondos”.

Algo com que Shizue Takahashi, de 71 anos, viúvo de Kazumasa, que morreu no ataque ao metro, concorda: “Eu espero que eles sejam executados de acordo com a lei e sem grande alarido”.