Ao fim de um ano de Governo, viabilizado no parlamento pelo PCP e pelo BE, Jerónimo de Sousa diz que uma sondagem recente que coloca o PS perto da maioria absoluta e os comunistas nos 6%, "é bastante falível" e não traduz aquilo que sente quando percorre o país.
"[Há] um grande respeito e admiração pelo posicionamento construtivo do PCP", afirma, realçando ainda a sua "profunda convicção" de que "uma política diferente que vá no sentido de responder aos anseios dos trabalhadores e do povo nunca será construída sem o PCP".
"Naturalmente, não é só com o PCP, mas sem o PCP será difícil. Por isso mesmo, continuo a dizer que o PS faria bem em não se embriagar com sondagens de circunstância", acrescenta.
Sobre a posição conjunta assinada com o PS há um ano, afirma que "não está esgotada".
"Existem questões que precisam de desenvolvimento. Mas isso não implica uma outra questão, que é: pode não haver posição conjunta no futuro", diz Jerónimo de Sousa.
O líder do PCP acrescenta que a posição conjunta "não é nenhuma bíblia nem nenhuma lei" e que os comunistas votarão contra aquilo que considerarem negativo.
Questionado pelos jornalistas do Público sobre a agora "tranquila" CGTP, Jerónimo de Sousa responde que "os trabalhadores nunca fizeram a luta pela luta", mas “por razões objetivas".
"Se surge uma janela, como surgiu nas eleições de 4 de outubro [de 2015] é natural que haja um suspiro de alívio", acrescenta.
O PCP, na Assembleia da República, "tudo fará por essa linha de reposição de rendimentos e direitos" conseguida nesta legislatura, "mas sem a ilusão de que será possível sem a intervenção, ação e luta dos trabalhadores", diz Jerónimo de Sousa, que reforça: "A luta não está dispensada. A luta vai ser necessária, independentemente da ação institucional".
O secretário-geral do PCP atribui, por outro lado, a popularidade do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para além do seu "estilo próprio", ao "quadro de uma compreensão muito vasto de ser um elemento de estabilidade" e diz esperar que faça cumprir a Constituição, tal como prevê o juramento do cargo, depois de o Governo anterior, do PSD e do CDS, ter sido "o campeão das inconstitucionalidades".
Na mesma entrevista, Jerónimo de Sousa reitera a defesa da renegociação da dívida portuguesa e diz esperar que a nova administração da CGD avance com o processo de recapitalização.
Sobre as autárquicas, volta a dizer que o PCP só se vai candidatar no quadro da CDU (coligação com o PEV), que espera confirmar a linha de crescimento das eleições locais anteriores e que nova candidatura do eurodeputado João Ferreira em Lisboa "é admissível".
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