"O que se avançou, ainda que limitadamente, avançou-se porque o PS não tinha os votos para, sozinho, impor a política que sempre, ao longo de quatro décadas, fez sozinho ou com o PSD e o CDS. A opção pela defesa do interesse nacional exige a rutura com a política de direita, objetivo que o PS se recusa a concretizar", disse o líder comunista.

"Dar mais força ao PS, neste quadro de submissão ao capital monopolista nacional e transnacional, aos ditames da União Europeia e do seu diretório, seria dar mais espaço à política de direita, andar para trás na defesa e reposição de direitos que só foram possíveis exatamente por o PS não ter a força que ambiciona e por ter sido levado a assumir, mesmo contra a sua vontade", acrescentou Jerónimo de Sousa no encerramento da Conferência `Alternativa patriótica e de esquerda, por um Portugal com futuro´, no Fórum Luísa Todi, em Setúbal.

Mas se considera que o PS só viabilizou algumas políticas em benefício dos trabalhadores porque a isso foi obrigado, por não ter os votos necessários para implementar as políticas de que gostaria, Jerónimo de Sousa garante que dos partidos da direita pouco ou nada há a esperar nesse domínio.

"Do PSD e do CDS só há a esperar retrocesso social e económico, liquidação de direitos, saque de salários e rendimentos e da parte do PS o que se sabe poder contar é com as mesmas opções que têm impedindo a resposta plena aos problemas nacionais no passado e também no presente", disse o líder comunista, para concluir pela necessidade de "concretização de uma política alternativa - patriótica e de esquerda - para resolver os problemas de fundo do País que não encontram solução e resposta nas atuais políticas nacional e europeia".

Sem grandes novidades nas críticas aos adversários políticos e ao PS, no plano das propostas do PCP também não há alterações significativas.

A saída do euro, renegociação da dívida, aposta na produção nacional, reindustrialização do País, modernização das atividades agrícola e das pescas e a valorização do trabalho, foram algumas das propostas referidas pelo líder do PCP.

A valorização do trabalho, uma melhoria generalizada dos salários, eliminação das normas gravosas da legislação laboral, aumento do Salário Mínimo Nacional para 650 euros a já no dia 01 de janeiro de 2019, são outras medidas prioritárias para o PCP.

Na conferência de Setúbal o secretário-geral do PCP deixou uma saudação e a sua mensagem de solidariedade à luta dos estivadores eventuais do porto de Setúbal, trabalhadores que são contratados à jorna, e, já em tom de campanha para o próximo ano eleitoral, reafirmou o empenho do PCP em construir uma alternativa de esquerda, sublinhado que a construção dessa alternativa de esquerda "não se fará apenas com o PCP, mas não será possível sem o PCP".