“Infelizmente, o Governo não encetou verdadeiras negociações. Agarrou numa proposta, apresentou e ponto final, parágrafo. Isto não é a negociação da contratação coletiva, e estamos a falar de centenas de milhares de trabalhadores que não são aumentados nos seus salários há mais de dez anos”, considerou Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas.
O líder comunista falava à margem de uma visita aos Serviços Operacionais da Câmara Municipal do Seixal, no distrito de Setúbal, referindo-se à proposta que o Governo fez aos sindicatos da função pública, na segunda-feira, de um aumento salarial de sete euros para os dois níveis remuneratórios inferiores a 700 euros mensais.
Segundo o Governo, não há margem no Orçamento do Estado para aumentos salariais acima de 0,3%, mas, na visão de Jerónimo de Sousa, neste documento não há “qualquer norma proibitiva que impeça a valorização dos trabalhadores da administração pública”.
“O Governo não pode usar a arma do Orçamento do Estado, porque em termos de verbas alocadas e verbas possíveis de alocar, há possibilidade de uma outra resposta, uma resposta mais avançada por parte do Governo. Portanto, o orçamento não é o alibi”, argumentou.
Para o secretário-geral do PCP, o Governo deveria “ouvir a proposta dos negociadores sindicais e encetar um processo de evolução”, acreditando que é possível chegar mais longe na valorização salarial da função pública, até porque “os trabalhadores vão dar resposta natural aos seus anseios e aspirações”.
“Uma proposta de 0,3% ao fim de dez anos, compreenderão que funda um sentimento de injustiça que, naturalmente, se pode traduzir em luta”, mencionou.
A visita de hoje aos Serviços Municipais da Câmara do Seixal (CDU) teve o propósito de demonstrar que “não há contradição entre a modernidade das condições de trabalho e a valorização e reconhecimento do papel chave dos trabalhadores nessa evolução positiva”, segundo Jerónimo de Sousa.
Neste edifício estão instalados vários serviços administrativos da autarquia, como a gestão de resíduos, de mobiliário urbano ou gabinetes de saúde, dotados de equipamentos modernos como uma máquina que retira ervas com água, sem herbicidas.
Depois de contactar com algumas máquinas industriais, o líder comunista confessou “alguma saudade do manuseamento de peças e chaves”, mas reafirmou o seu objetivo na luta pela valorização do trabalho e dos salários, que o preenche “desde os 14 anos”.
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