“Quem nasce torto tarde se endireita, nós pensamos que vai ser muito difícil endireitar”, declarou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa, após uma audiência sobre o Orçamento do Estado para 2023.

Questionado se o PCP irá votar contra a proposta do Governo na generalidade, Jerónimo de Sousa respondeu à jornalista que lhe fez a pergunta: “Com certeza reparou no sentido crítico com que introduzi este nosso encontro”.

“Este Orçamento, de facto, não responde aos problemas nacionais. Não é um Orçamento justo, na medida em que privilegia não as pequenas e médias empresas (PME), não os pequenos médios comerciantes ou agricultores, beneficia os grandes grupos económicos, multinacionais que podem de uma forma desbragada aumentar os lucros, sacá-los, enviá-los para os paraísos fiscais”, sustentou.

Segundo Jerónimo de Sousa, ao mesmo tempo, o Governo dá respostas “claramente insuficientes” à desvalorização de salários e pensões face à inflação, “questões tão concretas que afetam de facto milhões de portugueses”.

“Enfim, o Governo fez uma opção, ficou do lado desses grupos económicos”, reiterou o secretário-geral do PCP.

“Mas de qualquer forma aqui estamos com a disposição e confiança de dar o nosso contributo”, assegurou, antevendo porém que “o coração dessa maioria atual não vai ceder” e “vai corresponder a esses objetivos designadamente aos lucros das empresas, dos grandes grupos económicos”.