Numa sessão pública no centro de trabalho Vitória, em Lisboa, Jerónimo de Sousa ouviu primeiro uma série de seis testemunhos de mulheres, de variadas profissões e contextos socioeconómicos, acerca das dificuldades enfrentadas ao longo das suas vidas.

"É necessário retomar a normalidade das vidas. Desde logo, pondo fim a este regresso forçado das mulheres a casa: das que estão em teletrabalho, das que ficaram sem emprego, das que ficam em casa para acompanhar os filhos porque os seus salários são mais baixos. Mas, igualmente das que estão aprisionadas em casa vivendo em solidão, em isolamento social, em geral, mulheres idosas e muitas com deficiência", disse.

Segundo o líder do PCP, "o grande capital aproveita o surto epidémico para aumentar exploração laboral, promover a violação de direitos que estão a penalizar a vida das trabalhadoras, confrontando-as com redobradas exigências".

"Sejam as que saem todos os dias para trabalhar, assegurando os serviços vitais no combate à epidemia e ao funcionamento da sociedade, sejam as que ficam em casa em teletrabalho. As que saem a trabalhar, mesmo as mais qualificadas, estão agora sujeitas a uma reiterada desvalorização do vínculo laboral, dos seus salários e das suas carreiras. São milhares com horários desregulados, com trabalhos penosos, desqualificados e mal pagos", lamentou.

Para Jerónimo de Sousa, "as que estão em teletrabalho, são confrontadas com novas e preocupantes formas de exploração", já que "o surto epidémico serve de pretexto para impor o teletrabalho como uma solução vantajosa para as trabalhadoras, quando na verdade ele serve para ampliar a exploração, aprofundar a precariedade e baixar os custos do trabalho".

"Uma situação que estes últimos meses confirmaram, com as vidas aprisionadas nas redobradas exigências e completa anormalidade que se instalou no seu dia-a-dia, com a desarticulação do tempo de trabalho, do tempo pessoal e familiar, obrigadas em muitos casos a pagar despesas que às empresas competia e a transformar a sua habitação em local de trabalho, sala de aula, parque infantil e espaço de descanso da família", afirmou.

Na opinião do líder comunista, "retomar a normalidade da vida é uma exigência para enfrentar os efeitos de um confinamento prolongado na proliferação das situações de ansiedade, exaustão, de tensão no seio familiar e de violência doméstica".

"No que à violência doméstica concerne, a concretização da igualdade no trabalho e na vida, o cumprimento dos direitos das mulheres é o instrumento mais sólido e eficaz no combate a este flagelo social, porque permite às mulheres as condições para se libertarem destas situações que atentam contra a sua dignidade", concluiu.