“Não consideramos como de urgência qualquer renegociação ou a procura de uma qualquer solução na medida em que essa posição conjunta continua nos seus pressupostos a estar atual”, afirmou Jerónimo de Sousa, à margem da inauguração do Centro de Trabalho do PCP de Olhão, acrescentando que, no entanto, "há contradições que se agravam".
"O caminho vai ficando mais estreito se não nos libertarmos dos constrangimentos que hoje existem sobre o país”, disse, apontando que é preciso dar respostas aos anseios dos trabalhadores ao nível dos rendimentos ou da precariedade laboral.
Jerónimo de Sousa referiu que sente que o caminho “se estreita mas não está fechado”, havendo da parte do PCP a vontade de cumprir o compromisso assumido com os portugueses.
Para o líder comunista, um dos grandes problemas da atual situação política é Portugal não se libertar da submissão às instituições europeias e ao euro e o Governo ser "pouco audaz" e não acompanhar a necessidade de valorização dos salários e dos direitos dos trabalhadores, nomeadamente no plano da contratação coletiva.
“A grande questão é saber se essa evolução se mantém, porque o povo português continua a ter fundadas esperanças da necessidade dessas medidas de avanço no plano dos direitos e rendimentos”, acrescentou.
A negociação do Orçamento do Estado (OE) vai ser, segundo Jerónimo de Sousa, uma oportunidade para perceber se o Governo vai continuar na linha de progresso e de valorização ou se alguns constrangimentos se vão sobrepor.
“Vamos ver se o OE continua nesta linha de progresso e de valorização ou se os constrangimentos que existem sobre nós são mais fortes e travam esse caminho de progresso que se tem verificado”, afirmou.
Questionado sobre o posicionamento do PCP sobre o próximo OE, Jerónimo de Sousa frisou que “o compromisso (...) é de examinar o conteúdo da proposta que ainda não existe” e acrescentou que ainda existem respostas a dar, nomeadamente ao nível da educação e da saúde.
No seu discurso aos cerca de 350 comunistas algarvios presentes na inauguração do Centro de Trabalho do PCP de Olhão, Jerónimo de Sousa sublinhou que criticou as imposições da União Europeia sobre as políticas de desenvolvimento de Portugal e sobre o peso que da dívida pública.
Jerónimo de Sousa considerou que se os oito mil milhões de euros de juros da dívida pagos anualmente fossem canalizados para o país podiam resolver, por exemplo, os problemas do Serviço Nacional de Saúde ou da educação.
“É que Portugal tem capacidades para se desenvolver”, afirmou, referindo o mar e o turismo e insistindo em que para concretizar esse desenvolvimento, é preciso libertar o país dos constrangimentos da União Europeia.
Já com o olhar nas eleições autárquicas deste ano, pediu aos comunistas algarvios empenho na campanha com vista ao reforço do voto na região do PCP.
“O voto é sempre útil para quem o recebe, mas neste caso, também é útil para quem o dá”, vincou.
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