"Este congresso acontece numa altura muito intrigante. A democracia está a ser testada como nunca até aqui, desde o fim da Guerra Fria. A preservação e o posterior desenvolvimento das conquistas do papel da lei parecem, de alguma forma, em risco com novos emergentes modelos de governo por novos jogadores agindo no plano transnacional e internacional", afirmou.
Jorge Sampaio que foi hoje homenageado com a medalha de honra no 62.ª Congresso da União Internacional de Advogados (UIA), no Porto, considera que, apesar de o movimento dos Direitos Humanos ter conseguido grandes avanços, parece existir "um espaço crescente para um novo tipo de complacência sobre as violações e abusos dos direitos humanos", amplificadas pela era digital.
"Estou pessoalmente convencido de que as mudanças introduzidas na vida quotidiana trazidas pela era digital a um ritmo muito acelerado estão a ter um impacto dramático nas nossas sociedades, culturas, identidade, valores, crenças e práticas, bem como nas relações entre indivíduos, empresas, organizações e países. Parece estar a emergir um novo tipo de civilização", afirmou.
Segundo o antigo chefe de Estado, a escravatura moderna, considerada uma prioridade na agenda internacional, atinge, segundo a Organização Internacional do Trabalho, 40 milhões de pessoas que são vítimas de alguma forma de exploração, como o tráfico humano, o casamento e o trabalho forçado.
"A escravatura moderna existe em mais de 130 países. Preocupante é também o facto de que uma em cada quatro vítimas deste tipo de escravatura são crianças, mulheres e raparigas que perfazem 99% das vítimas do comércio sexual e 58% em outras setores", sublinhou.
Apesar se terem registado progressos importantes na prevenção, para Jorge Sampaio, é necessário intensificar os esforços ao nível da proteção, por forma a eliminar este novo tipo de escravatura moderna cuja erradicação tem ainda um longo caminho a percorrer.
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