O objetivo da moção que será apresentada ao congresso, disse à agência Lusa o vice-presidente da direção da AIPIM, Gilberto Lopes, é “encontrar uma via de diálogo que possa permitir que a Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (CCPJ) venha a admitir a possibilidade de voltar a emitir carteiras [para Macau]”.

Além de os portugueses que iniciam a profissão de jornalista em Macau não terem acesso à carteira profissional através dos órgãos de comunicação locais, Gilberto Lopes deu ainda o exemplo dos jornalistas que exerciam a profissão em Portugal e vão trabalhar na região chinesa, que podem ter o problema na renovação do seu título profissional.

O vice-presidente da AIPIM reconhece que “os argumentos apresentados pela CCP são válidos, isto é, a Comissão (CCPJ) não emite carteiras para fora do território português”, mas diz que “vai apelar ao facto de Macau ter uma realidade específica”.

“Se eu exercer a profissão na Rádio Alfa em Paris posso provavelmente ter a carteira do sindicato profissional francês. Em Macau, não havendo nenhuma instituição [que emita um título], eu não consigo ter nenhuma carteira profissional”, sublinhou Gilberto Lopes.

O também chefe do canal em língua portuguesa da Rádio Macau chamou a atenção para o “vazio” na Lei de Imprensa em Macau, em vigor desde os anos 1990.

“Penso que uma carteira profissional em Macau era fundamental, primeiro porque era necessário acreditar os profissionais”, disse.

Gilberto Lopes alertou para a inexistência de um código deontológico ou estatuto de jornalista, documentos que a AIPIM deverá aprovar “em breve” e que em princípio serão seguidos nas redações em língua portuguesa e inglesa de Macau, mas não que não são vinculativos por não terem força de lei na região.

No 4.º Congresso de Jornalistas, agendado para Lisboa, de 12 a 15 de janeiro, o vice-presidente da AIPIM vai ainda apresentar um retrato da comunicação social em língua portuguesa e inglesa em Macau.

“Há hoje uma forte componente profissional, de jornalistas e de pessoas ligadas à comunicação social, que ultrapassa as 100 pessoas, o que é de facto um contingente grande. (…) Eu diria que os jornalistas e o público em geral em Portugal não têm noção do que hoje se faz em português em Macau”, afirmou.

Além de Gilberto Lopes, a AIPIM far-se-á representar no congresso pela jornalista Luciana Leitão.